A Universidade do Vale do Taquari (Univates) é a única do país a firmar parceria com o Instituto Karolinska, da Suécia e Centro Sueco para Pesquisa de Suicídio e Prevenção de Doenças Mentais (NASP). As instituições coordenam um estudo internacional sobre o comportamento suicida.
Segundo o coordenador geral da Pesquisa no Brasil e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas (PPGCM), Flávio Shansis, a professora Danuta Wasserman, responsável pelos trabalhos, escolheu Lajeado. Vales do Taquari e Rio Pardo registram alto índice de ocorrências dessa natureza, três vezes superior à média nacional.
Desde março, é feito um acompanhamento de casos de tentativa de suicídio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e e Hospital Bruno Born (HBB). Conforme Shansis, todos os pacientes são convidados a participar.
No ensaio clínico, além do atendimento usual, eles recebem orientações educativas. Após a alta, a supervisão deve prosseguir por 18 meses, a fim de avaliar qual das medidas é mais eficaz para fins preventivos. Até 2024, serão 250 pessoas assistidas.
Visitas domiciliares
A segunda etapa terá início no dia 6 de janeiro e o público-alvo será a população em geral. 500 moradores, escolhidos a partir de um sorteio prévio feito com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), deverão ser entrevistados. Segundo o coordenador desta fase e mestrando do PPGCM, Rafael Rocha, é feito um contato prévio. Ele reforça a importância da adesão comunitária, em nome da continuidade dos trabalhos.
Rocha destaca que o questionário vai abordar saúde mental, depressão, bem-estar, entre outros assuntos. Todos os pesquisadores são credenciados pela Univates. Os moradores serão acompanhados por 18 meses, com a repetição das perguntas em dois momentos, ambos por telefone. “Entendemos que a pesquisa trata de um tema delicado, mas com discussão necessária”, argumenta.
Nesta fase, a Univates recebe o reforço de membros do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para a coleta de sangue. Shansis explica que será medido o nível de uma proteína que atua na impulsividade. O objetivo geral é identificar características da personalidade, que podem indicar predisposição suicida.
De acordo com o professor, a partir delas, será possível estabelecer comparações entre componentes comportamentais e genéticos dessas duas populações na região e com os resultados nos demais países. Todos os processos são feitos com a garantia do anonimato.
Relevância
Para Shansis, o estudo se mostra relevante porque auxilia na compreensão sobre a conduta suicida. “Espera-se que possamos contribuir para a redução dos índices de suicídio na região, talvez com a implementação de políticas públicas”, avalia.
Em paralelo, a pesquisa é inédita em razão da abordagem sobre o impacto da covid-19 na questão psicológica. Além da Univates e do Instituto Karolinska, as atividades contam com o apoio da UFRGS e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-RS. Se houver dúvidas, a comunidade pode entrar em contato pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5044.