“Faço mais lento do que  os outros. Mas faço certinho”

Abre Aspas

“Faço mais lento do que os outros. Mas faço certinho”

Separar notas fiscais, escanear documentos e ajudar nas tarefas de uma empresa de Lajeado são funções desempenhadas por André Elmo Schwingel, 43. Depois de um parto demorado e com a ajuda de um fórceps, algumas funções do corpo ficaram mais lentas. A coordenação motora também foi afetada, assim como parte da visão. Apesar disso, ele sempre encarou os desafios com um sorriso no rosto. Estudou, fez faculdade e faz 12 anos que desempenha o cargo de auxiliar administrativo.

“Faço mais lento do que  os outros. Mas faço certinho”
(Foto: Bibiana Faleiro)
Lajeado

Como foi a sua infância?

Quando nasci, demorou para fazer o parto e tive sequelas. Tudo o que faço, faço mais lento do que os outros. Mas faço certinho, sou interessado, aprendo fácil. Também nasci com a coluna torta e tinha que fazer fisioterapia de segunda a sexta. Na época eu torcia para chegar no sábado para não precisar fazer a massagem ou fisioterapia, porque forçava muito. Eu também tenho um problema de visão, e descobri alguns neurofibromas. Um estava no olho. Na época, o médico disse que era benigno. Levou meus exames para um Congresso Internacional e pediu a opinião de outros médicos sobre operar ou não. E todos acharam que como não estava incomodando e nem crescendo, não teria problema deixar como estava. Hoje tenho 5% de visão em um olho e 85% no outro.

Como foram os seus estudos?

Eu fiz a pré-escola, e quando fui para o ano seguinte, uma diretora disse que eu não era aluno de primeiro ano, e sim de Apae. Em outra escola, fui aceito e fui o melhor aluno da turma. Depois mudei de escola e lá sofri muito bullying. Quando tinha trabalho em grupo, eu queria fazer com alguém, e a professora tinha que indicar alguém, porque eu sobrava. Na hora do futebol, eu era o último a ser escolhido. Até que um professor me convidou para jogar basquete. Me ensinou a jogar sem me cobrar nada. Fui evoluindo lá. Fazia trabalhos, alguns sozinho, mas bem caprichado. Sou bem dedicado.

E a faculdade?

No segundo grau estudei de noite porque trabalhava no curtume da família. Fiz o curso de Processamento de Dados e passei. Então resolvi fazer faculdade de Análise de Sistemas. Depois mudei para Comércio Exterior. Na faculdade fiz viagens de estudos para Santa Catarina, Chile, Argentina, para conhecer empresas. Foi diferente, eu tinha amigas e a gente combinava de fazer sempre as mesmas cadeiras. Convidei elas para a minha formatura. Me formei no dia 15 de janeiro de 2011.

Você também praticou outros idiomas, certo?

Fiz inglês e eu já falava um pouco de alemão. Meu coordenador do curso na época disse que se a pessoa soubesse falar um pouco de mandarim facilitaria com a negociação com a China. Fui atrás e descobri um curso em Santa Cruz. Comecei com cinco alunos, mas foi diminuindo, até que ficou só eu e daí as aulas acabaram.

Quando começou a trabalhar como auxiliar administrativo?

Faz 12 anos que estou lá. Quando eu entrei era só nota fiscal. Depois foi aumentando o trabalho, eu podia separar as notas, escanear, e ajudo a fazer o roteiro das lojas.

Hoje, o que você mais gosta de fazer?

Caminhar no Parque dos Dick, na barranca do rio, gosto de fazer novas amizades. De vez em quando vou para o shopping e no final de semana vou pra Forquetinha, no interior, onde temos uma casinha.

Acompanhe
nossas
redes sociais