Perda de 60% no milho evoca importância da irrigação

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Perda de 60% no milho evoca importância da irrigação

Programa Avançar no Agro, com investimento para açudes e reservatórios, chega em meio a mais um período de estiagem. Dos 38 municípios da região, três decretam emergência devido à falta de chuva e 16 já enfrentam desabastecimento

Perda de 60% no milho evoca importância da irrigação
Na propriedade de Luís Caye, em Cruzeiro do Sul, sistema de irrigação garante produtividade. Expectativa é colher 200 sacos de milho por hectare. (Foto: Jhon Tedeschi)
Vale do Taquari

Média de chuva muito abaixo da média histórica. Em algumas localidades do Vale, o total em dezembro está abaixo dos 20 milímetros. Tais condições prejudicam as lavouras de grãos, em especial de milho, ameaçam o abastecimento de água para consumo animal e até mesmo às populações.

Estimativas preliminares do escritório regional da Emater\Ascar-RS mostram perdas de pelo menos 60% na cultura de milho. A consequência aparece nos pedidos do seguro agrícola. Conforme o técnico da autarquia, Alano Tonin, em duas semanas, foram 105 vistorias.

Sem a formação das espigas, agricultores transformam a lavoura em silagem. Esse complemento à alimentação dos animais, em especial às vacas, é insuficiente para garantir a nutrição, diz Tonin. “Há pouca quantidade e pouca qualidade. Isso se o agricultor tiver alimento suficiente para o plantel”, argumenta.

O técnico alerta para os impactos em termos de custo aos produtores. Com a cotação elevada do milho, o valor mínimo do litro de leite para garantir alguma margem seria de R$ 2,40. “Hoje, a maioria não vende por R$ 2. Muitos vão vender vacas para não ter mais custos.”

Toda a região tem sofrido com a falta de chuva. Tanto que três municípios decretaram situação de emergência (Doutor Ricardo, Arroio do Meio e Nova Bréscia). Além dos prejuízos à produção primária, também há registros de escassez de água para abastecimento das propriedades rurais e medidas de racionamento.

R$ 10 milhões de prejuízo

Toda a lavoura de milho foi perdida em Doutor Ricardo. É o que afirma o prefeito, Álvaro Giacobbo. “A produção de leite é a mais comprometida. Ao todo, 62% da nossa receita vem do setor primário. Só nestes últimos três meses, já calculamos R$ 10 milhões de prejuízos”, diz.

Além das condições adversas para a agricultura, há ainda o risco de faltar água potável à população, pois já há escassez às criações de aves, suínos e mesmo à pecuária de leite. “Estamos fazendo abastecimento com caminhão-pipa. Mas o nível dos arroios também está baixando. Como não há perspectiva de chuva boa, para recuperar os mananciais, a situação é muito preocupante.”

Para se antecipar e evitar o desabastecimento de água potável à comunidade do município, o governo inicia estudos para investir na perfuração de mais um poço artesiano.

Lavoura verde

O agricultor de Cruzeiro do Sul, Luís Antônio Caye, instalou um sistema de irrigação na propriedade em Linha Sítio faz cinco anos. Pecuarista de leite, usava os 24 hectares para pastagens. Neste ano, com a redução no plantel, decidiu plantar milho. “A estimativa é chegar a 200 sacos por hectare.”

O investimento foi de aproximadamente R$ 40 mil, do qual acredita já ter compensado. “Como pode ver, o milho está bem verdinho.”

Menos de 2% das propriedades rurais do Vale do Taquari dispõe de sistema de irrigação. O governo do Estado lançou o programa Avançar no Agro. Para a irrigação, o investimento alcançará R$ 201,4 milhões.

Os projetos serão para construção de cisternas, microaçudes, poços, com subsídio de até R$ 15 mil para pequenos produtores. “É um programa importante. Mas vem quando já não há o que fazer. As perdas estão postas. Agora o importante é fazer os projetos para a próxima safra”, diz o técnico da Emater, Alano Tonin.

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