Como chegou a ti a oportunidade de fazer os vestidos das soberanas?
O Ricardo Werner, que trabalha na prefeitura e é designer, veio com um desenho da ideia que eles queriam fazer. Ele tinha uma proposta, uma inspiração. Eles entraram em contato comigo que gostariam que eu confeccionasse os vestidos. Um traje de soberana sempre tem que contar uma história. Ou a história do povo ou o que a festa quer homenagear, pode ser uma data comemorativa ou algo que faça parte daquela cultura. Ele sempre tem que traduzir algo. Os meios não são explícitos, se querem contar a história da uva, o vestido não vai ter cachos de uva, mas algo que remeta a isso.
Quando surgiu o interesse pela moda?
Eu costuro desde os meus 13 anos. Nunca fui a menina que fazia vestido para Barbie, para bonecas, mas eu fazia colagem com os vestidos do Oscar e eu costurava roupa para mim na máquina da minha vó. Não dava muito certo porque eu não tinha muito conhecimento. Eu gostava muito de assistir aos desfiles com os vestidos cheios de detalhes. Eu estudava de manhã e passava a tarde vendo os vestidos. Eu ficava fissurada e vendo os vestidos pela internet, adorava os vídeos de making off. Tem um vestido da Dior que eu lembro até hoje, eles bordando em 10 pessoas fazendo o vestido. Isso me enchia os olhos. Tanto é que eu assistia várias vezes o mesmo vídeo.
Com esses vídeos você conseguia aprender?
Era muito mais inspiração e o deslumbre. Para aprender, primeiro uma costureira aqui de Anta Gorda me deu um curso. Eu fiquei seis meses indo na casa dela para ela me ensinar. Depois, quando eu estava no Ensino Médio, fazia cursos em Porto Alegre, na Couture Lab, durante as férias de verão. Eu saía às 3h da manhã e chegava em casa pelas 20h ou 22h, todas as segundas, quartas e sextas. Eu fiz o vestido da minha formatura no colégio. Como eu gosto muito mais da prática, depois do colégio, fiz um curso intensivo de cinco meses, em Porto Alegre. Aí, montei um ateliê. Quando eu vi que tinha demanda, fui cursar moda na Univates. Também fiz cursos em São Paulo com a Patricia Bonaldi.
Você decidiu a profissão bem cedo. Quais são os próximos passos?
Eu comecei o ateliê com 17, ano que vem vão fazer seis anos. Atualmente, a gente atende Anta Gorda e região, mas principalmente Anta Gorda. No futuro, eu quero ou expandir para uma cidade maior ou ter uma linha de peças prontas para conseguir atender toda demanda. Porque em algumas épocas não conseguimos atender todo mundo.
Tem muita demanda? Como você faz para atender todo mundo?
Eu trabalho, a minha mãe, Anabel, me auxilia e por muitas vezes, como aconteceu em dezembro, minha irmã de 15 anos, Lígia me ajuda. A minha babá, Calrice, que cuidou de mim quando era pequena também costura, com certeza me influenciou e veio me auxiliar neste mês. O ateliê seria de uma pessoa e meia porque minha mãe me ajuda meio turno. Mas quando precisa, ficamos em quatro ou cinco. Eu acho muito importante valorizar o trabalho delas.