O período de rematrículas na educação infantil traz à tona uma demanda antiga dos pais do bairro Bom Pastor. A construção da Escola Municipal de Ensino Infantil Proinfância iniciou em agosto de 2018 e desde então apenas a estrutura do prédio foi concluída. A administração coloca como objetivo entregar a creche para a comunidade no ano que vem.
A obra foi anunciada pelo município em março de 2017, com um orçamento de R$ 1,5 milhão e a previsão de atender a 188 crianças. O objetivo era mudar a realidade dos moradores do bairro que precisavam levar os filhos a escolas de localidades vizinhas. Os recursos foram destinados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), dentro do Plano de Ações Articuladas (PAR).
A secretária da Educação Adriana Vettorello explica que os serviços foram executados regularmente até julho de 2020 – mais de um ano após o prazo para a entrega da escola, que era em maio de 2019. “A obra ficou paralisada em razão do descumprimento do contrato e o cronograma físico-financeiro pela empresa contratada.”
Diante da situação, o município foi até Brasília para solicitar autorização para pagar a construção com recursos próprios. No final de novembro, o FNDE encaminhou ofício que libera a execução da obra, com posterior ressarcimento. O valor a ser pago pela administração será de R$ 1,533 milhão.
Em reunião com a imprensa, na segunda-feira, 20, a entrega da escola foi definida como um dos objetivos para 2022. Adriana destaca que a pasta da Educação iniciou os trâmites financeiros, mas não coloca prazo específico para o término da obra. “Já encaminhamos empenho do valor ao setor de compras para darmos sequência na obra e, tão logo finalizada, fazer a entrega à comunidade”, garante.
Estão prontas apenas paredes e parte da estrutura do telhado. Conforme relato dos moradores, nos últimos meses foram feitas pinturas e pequenas intervenções, mas o andamento segue em “marcha lenta”. No local, há apenas uma betoneira parada e materiais espalhados pelas salas, sem vestígios de trabalhos recentes.
Desânimo entre os pais
O Grupo A Hora noticiou o atraso da obra em abril de 2019, um mês antes do prazo final para a construção da escola. Daiane Petters conversou com a reportagem na oportunidade e, desde então, a situação não mudou. Na época, a expectativa era poder deixar a filha mais nova, então com nove meses, na creche.
Mais de dois anos e meio depois, Daiane com sete meses de gravidez e não vê perspectivas sequer de matricular o terceiro filho na escola. “Quem não queria uma creche quase ao lado de casa? Mas com a obra três anos parada, não temos a esperança de colocar um filho ali.”
A família segue com o filho mais velho, de sete anos, matriculado no bairro Montanha, que deve ser o mesmo destino da segunda filha, que hoje tem três anos. A única certeza no momento é que a menina não deve estudar no bairro Bom Pastor. “Não tenho esperança nenhuma de matricular ela aqui”, finaliza Daiane.