A produção de proteína animal é uma das principais atividades econômicas do Vale do Taquari e ter água em quantidade adequada é essencial para viabilizar o setor. Neste contexto, a Emater/RS-Ascar e demais entidades ligadas à agropecuária promoveram seminário que alerta à necessidade de preservar os recursos hídricos.
A atividade ocorreu nessa sexta-feira (17), em Encantado. Integrantes do Comitê de Gerenciamento da Bacia Taquari-Antas apresentaram dados da ocupação de solo como forma de promover reflexão ao tema. Segundo o estudo, a maior área é destinada para vegetação florestal (33,54%). O uso para atividade agropecuária corresponde a 32,58%. Outros 16,49% são ocupados com campos e pastagens.
Esse diagnóstico da bacia Taquari-Antas visa nivelar expectativas entre produtores, técnicos, líderes e empresas do setor, para, juntos, apontar caminhos de desenvolvimento sustentável. De acordo com o supervisor da Emater, Marcelo Brandoli, é fundamental incentivar ações de armazenamento de água nas propriedades.
“Sem água não há desenvolvimento do setor primário, o que interfere na qualidade de vida, na renda e até em outros aspectos, como a sucessão rural”, reforça Brandoli. Em sua fala, destacou sistemas de proteção de fontes, construção de cisternas e de alternativas para a reservação de forma legalizada, com um bom manejo dos mananciais.
Os técnicos da Emater também citam estratégias para promover programas de irrigação e garantir a produtividade em lavouras. No início do mês, o Estado anunciou a liberação de mais de R$ 200 milhões para projetos nesta área.
Consumo elevado
O engenheiro agrônomo Eduardo Mariotti Gonçalves lembra que a região tem elevado consumo de água para atender o setor produtivo. Cita, também, a preocupação com a falta de chuva. “O produtor precisa ficar atento e formalizar o uso de fontes e poços. O prazo do cadastro encerra no fim do mês”, ressalta.
Na opinião do vice-presidente da Fetag/RS, Eugênio Zanetti, o produtor não pode ser penalizado por conta da escassez de recursos hídricos. “Precisamos cada vez mais falar sobre o assunto. Concordo com a necessidade de regulamentar e evoluir com as outorgas, mas é necessário mais tempo”, cita.
Quando a seca dará trégua?
Modelos climáticos apontam que a falta de chuva terá alívio apenas a partir de fevereiro de 2022. Ainda assim, o acumulado deve ficar abaixo da média. A partir de março, há uma expectativa de maior regularidade nas precipitações.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos emitiu boletim no qual reitera a permanência do fenômeno La Niña até o fim do verão. Por consequência, a escassez de chuva no RS já traz perdas nas lavouras de soja, além da falta de água para famílias do interior.