Escassez de chuva compromete produção

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Escassez de chuva compromete produção

Produtores relatam perdas de 60% na produtividade em lavouras de milho. Previsão de pouca chuva nas próximas semanas eleva alerta sobre estiagem e danos no agronegócio

Escassez de chuva compromete produção
Alberto José Beuren, de Santa Clara do Sul, reduz projeção de 150 para 60 sacas de milho por hectare. (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

A falta de umidade no solo e chuva cada vez mais irregular agravam a situação das lavouras de milho e geram preocupação no campo. Os produtores já contabilizam prejuízos em decorrência das condições climáticas e temem cenário crítico nas próximas semanas.

As plantas apresentam sintomas de déficit hídrico com folhas enroladas, inviabilidade do pólen e murchamento. Nas áreas em estágio de formação e enchimento de grão há falhas de desenvolvimento nas espigas. As estimativas apontam para redução de mais de 50% do potencial produtivo em algumas lavouras.

Como alternativa para minimizar perdas, parte da produção de milho para grãos é convertida em silagem, mas de menor valor nutricional. Outra dificuldade é quanto a implantação das pastagens de verão. O solo seco impede a germinação. Essa situação ocorre também em áreas destinadas à soja.

As projeções para os próximos dias são preocupantes. Os institutos de meteorologia projetam pouca chuva, acumulados abaixo de 10 milímetros nesta primeira quinzena. O mês de dezembro pode ter valores similares a precipitação de novembro, quando choveu apenas 30mm.

Especialistas classificam este cenário como efeito do fenômeno La Niña, responsável pelo resfriamento do Oceano Pacífico e que impede a formação de áreas de instabilidade. A previsão é que esta condição se mantenha até o início do outono de 2022.

A Emater/RS-Ascar confirma perdas significativas em algumas lavouras do Vale do Taquari, mas por enquanto mantém as estimativas de produtividade aos mesmos níveis da safra passada. No caso do milho, são 35,4 mil hectares implantados e expectativa de produzir 6,5 toneladas/ha.

Neste mesmo período do ano passado, o cenário também era desafiador. “Em 2020, do fim de agosto até dezembro choveu pouco e o solo estava bastante seco. Depois as lavouras se recuperaram e obtivemos safra recorde de soja”, comenta o assistente técnico Alano Tonin.

Até 2 de dezembro, o plantio de milho no RS chegou a 88% da área estimada. O índice está acima do ciclo passado (83%) e próximo à média dos últimos cinco anos (89%).

Safra com prejuízos

O produtor rural Alberto José Beuren, de Santa Clara do Sul, cultiva milho de alta tecnologia para venda dos grãos. São 130 hectares com um custo que chega a R$ 6,5 mil/ha. O valor é mais que o dobro comparado ao ciclo do ano passado.

Entre os itens que sofreram maior reajuste, estão a semente e os fertilizantes. Com lavouras prejudicadas pela falta de chuva, as perdas em algumas áreas alcançam 60%. Se a previsão se confirmar, em duas semanas os danos podem ser irreversíveis em 90 hectares.

“Tenho uma área semeada em agosto e que teria condições de produzir 150 sacas por hectare, hoje não rende nem 60 sacas”, lamenta. Beuren também cultiva 650 hectares de soja, destas, 80% estão em fase inicial de desenvolvimento e algumas em processo de germinação.

Previsão para os próximos dias

Em boletim da MetSul, a meteorologista Estael Sias alerta para dias mais quentes e perda acelerada da umidade do solo. “O risco de quebra na cultura do milho gaúcho é elevado. A chuva no mês de novembro ficou abaixo da média na maioria das localidades”, observa.

O cenário de chuva é muito ruim no curto prazo. As consultorias do mercado já revisam para baixo as suas projeções de produção para a safra de verão. Há uma possibilidade maior de chuva a partir do dia 20 de dezembro, mas ainda insuficiente para as lavouras.

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