Muita calma nesta hora!

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

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Muita calma nesta hora!

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Arroio do Meio
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Bem-vindos a mais uma crise! A dos anos 1980 foi das piores que vivenciei. Inflação galopante, corrosão dos salários, desabastecimento de tudo. Surgiram sucessivos “planos” de Ministros da Fazenda. “Plano Funaro”, no Governo Sarney que imaginou controlar a alta de preços congelando tudo: preços de venda, insumos, fretes, etc. Até que a panela de pressão explodiu. Faltou de tudo, principalmente comida. Seguiram-se o “Plano Bresser” e o “do Maílson”, também malsucedidos. Uma década terrível, denominada a “década perdida”. Por fim, o “Plano Collor”, do Presidente Fernando Collor e sua Ministra Zélia. Dentre as asneiras dele, que não deram certo, o confisco das aplicações financeiras de todos. Gerou bilhões de prejuízos à União, em ações judiciais perdidas em decorrência de suas medidas. O realinhamento iniciou com Itamar Franco, o Vice de Collor que assumiu em seu lugar e, FHC que, finalmente, dominou a inflação.

Vale citar, também, a crise mundial de 2007, originada pela explosão da bolha imobiliária norte americana e a quebra de grandes Bancos. Foi global e tão estrondosa que a compararam a um tsunami. Apenas aqui o presidente Lula disse que não passava de uma “marolinha”. Na real, veio como um rojão enorme que estourou nas mãos da sua sucessora Dilma. Refletiu por anos seguidos, a ponto de ser um dos motivos reais da sua deposição em 31/8/2016. Afora, é claro, o descoberto pela Operação Lava Jato: bilhões desviados do Governo Federal em corrupção, obras civis desnecessárias (estádios da Copa do Mundo e das Olimpíadas), dezenas de bilhões de reais aplicados em portos e estradas em dezenas de países, mas não aqui.

Fiz este rebordeio em outras crises para falar da atual, sentida nos combustíveis, alimentos e mercadorias em geral, mas que tem ingredientes novos, perigosos: o aproveitamento do desarranjo econômico/social decorrente, por alguns, para os quais, quanto pior, melhor, para atingirem seus propósitos.

Estamos no olho do furacão de uma grande crise mundial que elevou os fretes internacionais às alturas (falta de containers e navios nas zonas de produção), causa desabastecimento de comida em muitos países, atrasa o recebimento de insumos e de matérias primas, de componentes eletrônicos para veículos e máquinas agrícolas, gera escassez de petróleo. Como sempre, na esteira de tal cenário, elevação dos preços em geral e do dólar.

Sabia-se que seria assim. Muitos sabiam mas ficaram quietos, esperando ter atendidos seus desejos de ganância política e econômica, mesmo que às custas da desgraça da maioria. Toda crise corrói, primeiro, os salários. Assim, esta massa de eleitores fica refém de discursos políticos milagreiros que, realmente, só querem o poder.

Sejamos francos: a economia – no mundo e no Brasil – passaria impune à quebra das cadeias produtivas, de suprimento e de transporte ocasiada pelo lockdown de mais de ano? Bom lembrar que o mundo praticamente parou por mais de ano!

O que fazer, então?

Dar o devido tempo para que tudo se reorganize (inclusive a produção de petróleo), os containers voltem aos portos onde necessários, os ciclos de produção se normalizem. Adicionalmente, andar menos de carro, consumir o necessário, controlar gastos, fortalecer a relação interpessoal e ter muita fé. Logo tudo normaliza. Como dizia o grande Prefeito Cláudio Schumacher: “langsam” (devagar).

Ah, e ter a certeza de que a crise é mundial, não só do Brasil. E resistir aos oportunistas de plantão que só querem o poder pelo poder e a volta da teta do Governo de onde jorravam bilhões e bilhões desviados. Aliados à meia dúzia que sonha com o domínio político e econômico globais. O bem maior é a liberdade, com responsabilidade.

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