Em 2 anos, Zanc muda cotidiano e traz novas perspectivas à cidade

RETORNO IMEDIATO

Em 2 anos, Zanc muda cotidiano e traz novas perspectivas à cidade

Além de gerar cerca de mil empregos, empresa de call center impacta sobre os demais setores. Comércio e serviços se favorecem com o movimento intenso dos funcionários. Negócios já estabelecidos se beneficiaram e governo busca atrair novos investimentos para fortalecer economia

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Em 2 anos, Zanc muda cotidiano e traz novas perspectivas à cidade
Marchini projeta novas expansões na Zanc, com contratações de mais funcionários (Foto: Mateus Souza)
Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Município-mãe da região, Taquari vive momento de transformação. Após décadas de estagnação, a chegada da Zanc, há dois anos, mexeu com o cotidiano da cidade. A empresa de call center, que possui unidades em Porto Alegre e São Paulo, escolheu o quarto município mais populoso do Vale do Taquari para investir e crescer.

Já são cerca de mil empregos diretos gerados, e há o desejo da direção em aumentar sua força de trabalho na cidade. O governo municipal investiu cerca de R$ 9 milhões na reforma de parte do antigo Seminário Seráfico, localizado no bairro Caleira, para abrigar a empresa.

Além de abraçar uma demanda reprimida do mercado de trabalho da cidade, sobretudo ao abrir portas para jovens recém-saídos do ensino médio, a Zanc também se envolve em causas sociais e culturais de Taquari. Não se limita ao papel de empregadora e geradora de riquezas ao município e busca consolidar sua imagem.

“Estamos em um momento difícil, onde poucos municípios conseguiram evoluir. Taquari é um deles. E a Zanc teve participação nisso”, garante Jorge Luiz Botelho, 33, proprietário de uma vidraçaria. Ele presta serviços à empresa desde o início das operações, em 2019. E soube colher os frutos da parceria.

Zanc abriu oportunidades a jovens recém egressos do Ensino Médio. Hoje, 75% dos funcionários têm entre 18 e 24 anos (Foto: Mateus Souza)

Necessidade local

A chegada da Zanc, lembra o diretor da unidade, Alexandre Marchini, atendia uma necessidade local no mercado de trabalho. “No início, projetávamos 300 empregos. Começamos a reconstruir o prédio e levamos nossos funcionários para trabalhar em Porto Alegre”, lembra.

A pandemia, contudo, acelerou o processo de implantação da unidade local. A empresa iniciou suas operações em Taquari com 420 pessoas, a maior parte em home office. Hoje, as atividades presenciais foram retomadas a pleno e o número de colaboradores se aproxima de mil.

Até o fim do ano, a intenção é preencher mais 400 vagas. “Vamos crescer muito mais. Não sabemos qual é a nossa capacidade definitiva”, reforça.

Um diferencial, conforme Marchini, é a possibilidade de jovens crescerem na empresa. Hoje, 75% dos funcionários têm entre 18 e 24 anos. “E contamos ainda com 65 jovens aprendizes. Sabemos que a maior dificuldade para entrada no mercado de trabalho no interior é nesta faixa etária”.

Nos últimos meses a empresa teve que buscar profissionais fora de Taquari. Cerca de 200 trabalhadores são de cidades próximas, como Arroio dos Ratos, General Câmara, São Jerônimo e Tabaí.

Oportunidades dentro e fora

No horário de intervalo, um dos pontos mais frequentados por funcionários da Zanc é o refeitório. Construído onde funcionava uma capela, o local também conta com espaços de recreação e uma lancheria, comandada pelo casal Elvis André Ramos Espinoza e Valéria da Silva Dias. O negócio cresceu junto com a empresa.

Espinoza e Valéria, naturais de Taquari, trabalhavam com serviços de alimentação em Capão da Canoa durante o verão de 2020. Ao retornarem à cidade natal, souberam da oportunidade que a Zanc oferecia.b Pouco tempo depois, se instalaram no local. “Nosso forte são os lanches, como café, pasteis e pães de queijo. Mas agora temos também almoços”, comenta Valéria.

São servidos até 70 almoços por dia, e o cardápio varia. “Começamos cedo, às 6h, e funcionamos até o turno da noite”, salienta Espinoza, que comemora a oportunidade de contribuir com o progresso de Taquari. “Foi uma luz no fim do túnel. É o brilho que faltava à cidade”.

Já o empreendedor Jorge Luiz Botelho viu seu negócio deslanchar a partir da chegada da Zanc. Fez o primeiro serviço para empresa quando eles instalaram um escritório no Centro. “Depois, quando começaram a reformar o antigo prédio, fiz um orçamento para eles e foi aprovado. Fizemos toda a parte de abertura, divisória de vidro, persianas, automação de portas, entre outros”, recorda.

Num período difícil, onde muitos ficaram sem trabalho, Botelho não parou. “Fomos até Porto Alegre e São Paulo prestar serviço a eles. Isso nos abriu muitas oportunidades”, comenta. A empresa chegou a dobrar sua equipe no auge das obras de reforma. Além disso, viabilizou trabalhos para outros negócios, de diferentes setores da economia local.

O retorno financeiro permitiu a Botelho fazer um novo investimento. Ele adquiriu um terreno, às margens da Rodovia Aleixo Rocha da Silva, na entrada da cidade, para construção de uma arena de esportes. O ginásio ficará pronto em dezembro. “É uma forma de reinvestir o dinheiro em prol do bem estar da comunidade”, frisa.

Condomínio e distrito industrial

André Brito era vice-prefeito à época do início das negociações do governo de Taquari com a Zanc. Agora, como chefe do Executivo, vê com orgulho a consolidação da empresa no município. E isso também abriu os olhos de negócios já estabelecidos e investidores de fora.

“Tivemos um grande incremento em nossa economia. Não apenas com a Zanc, mas também com novos negócios que surgiram a partir da chegada dela. Indústrias já instaladas aqui investiram mais e aumentaram a geração de emprego e renda. E prestadoras de serviços cresceram”, comenta Brito.

Na última semana, Brito esteve em Porto Alegre e aproveitou para conhecer o Instituto Caldeira. Lá, surgiu a possibilidade da implantação de espaços semelhantes em parceria com a Zanc. Além disso, o governo municipal busca viabilizar a implantação de um condomínio empresarial e um distrito industrial para 2022.

O primeiro, com foco nos empreendedores locais, fica na avenida Farrapos, e terá 16 lotes. Já o segundo, às margens da RSC-287, terá uma área de 37 hectares. “Temos estrutura e capacidade para atrair novos negócios. Não podemos parar no tempo. O desenvolvimento tem que ser constante”, afirma.

Espinoza e Valeria administram lancheria dentro da empresa e comemoram sucesso do negócio (Foto: Mateus Souza)

Efeito no comércio

Outros setores também sentem os efeitos da chegada da Zanc. O fomento ao comércio é visível, segundo a presidente da CDL Taquari, Daphne Becker. Conforme ela, o faturamento das lojas do ramo cresceu 7,9% em 2020, na comparação com o ano anterior. “Tivemos o aumento de pessoas empregadas no setor. Estamos muito felizes com este momento”, ressalta.

Em novembro, será lançado um cartão para funcionários da Zanc, com vínculo de compras nas empresas associadas à CDL. “Este cartão terá um impacto muito positivo no nosso comércio, diminuindo a concorrência com os e-commerces, que muitas vezes nem são daqui”.

Universidade, “minishopping” e restaurante

Se a Zanc manter os compromissos assumidos com o município em 2019, receberá o prédio de forma definitiva em 2029. Até lá, a intenção é oferecer outros serviços. Na outra parte do imóvel, que já passa por reformas, a intenção da empresa é colocar em funcionamento uma universidade, uma creche, um centro comercial e um restaurante panorâmico.

“Não serão serviços da Zanc e para a Zanc, e sim coisas que ficarão para a comunidade”, comenta Marchini. Na reforma do prédio dos fundos, a empresa deve investir até R$ 8 milhões. O espaço tem vista defronte ao rio Taquari.

Botelho presta serviços para a Zanc desde 2019. Agora, colhe os frutos e investe na construção de uma arena de esportes (Foto: Mateus Souza)

Seminário Seráfico

Durante meio século, o espaço onde hoje funciona a Zanc abrigou o Seminário Seráfico São Francisco de Assis. Construído em 1931, a antiga unidade teve foco na formação de padres franciscanos e recebia alunos de todo o Estado. Funcionou até a década de 1980.

Em 2000, passou a ser a sede da Idesc. A intenção era colocar em prática um projeto para transformá-lo em um polo de educação, mas a proposta não vingou e o prédio foi devolvido por meio de uma decisão judicial. Com o abandono, o espaço virou refúgio para usuários de drogas e moradores de rua até ser reformado.

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