Moradores de Encantado estão engajados para ajudar Rennet Desilien a trazer a esposa e os três filhos ao Vale do Taquari. Em busca de melhores condições de vida, Desilien se mudou para o município faz cinco anos.
Desde que chegou, sonha em trazer a família, mas o objetivo ficou mais distante. Até o ano passado, Rennet morava no bairro Navegantes e perdeu tudo que tinha na enchente de julho.
O proprietário da academia que o imigrante frequenta, Marcelo Labres, promoveu uma campanha para amparar o amigo haitiano, que hoje não mora em área alagável.
“Conseguimos tudo. De chuveiro a fogão, máquina de lavar, cama, tudo. Eu sou avalista, e conseguimos uma kitnet para ele, em frente ao mercado Dália”, relembra Labres.
A crise política e humanitária que o Haiti atravessa preocupa o imigrante. Diante da dificuldade, ele pensou em retornar ao país de origem, apesar da vontade de ficar em Encantado.
O ex-presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado em casa, em julho deste ano. Moïse governava há mais de um ano por decreto, já que havia dissolvido o Legislativo. Agora, o país é administrado por um governo interino até que haja uma nova eleição.
Nos últimos meses, o país enfrenta uma grande escassez de alimentos. Mais de 60% da população vive com menos de R$ 10 por dia.
Na segunda-feira passada, a ilha foi atingida por um ciclone extratropical. No sábado, o país foi atingido por um terremoto que deixou 1,4 mil mortos e mais de 6 mil feridos.
Crise política encarece viagem
A vinda da esposa e dos três filhos (de 15, 12 e 7 anos) de Rennet custaria R$ 16 mil. Após o assassinato do presidente, não há mais voos diretos do Haiti para o Brasil.
Agora, a viagem custa R$ 22 mil e demanda um esforço maior. O primeiro destino da família Desilien é a República Dominicana, único país que faz fronteira terrestre com o Haiti.
Voluntários de Encantado conseguiram articular com uma agência de viagens dominicana um voo até o Equador, onde Rennet encontrará a esposa e os filhos.
“O mais importante é conseguir trazer uma família. Eu vim pelo Equador e tenho todos os contatos. Vai ser a melhor maneira porque não tem voo direto”, conta Rennet.
Nos últimos quatro anos, Rennet foi um dos 490 haitianos que trabalham na Dália. Ele trabalhava à noite no frigorífico de suínos de Encantado. Nessa segunda-feira, 16, ele pediu demissão para concentrar esforços e buscar a família.
Os familiares chegarão em setembro no Equador e a família Desilien precisa de R$ 8,6 mil reais para pagar a agência de viagens da República Dominicana.
Como ajudar
Rennet Deisilien conseguiu angariar R$ 13,4 mil. Com aumento no custo da viagem da esposa e três filhos, faltam R$ 8,6 mil para pagar a agência de viagens.
Doações podem ser feitas pelo PIX de Rennet Deisilien: 702.903.522-40