Em uma van Ducato 2008, o escritor porto-alegrense Pedro Marodin, 57, montou uma biblioteca ambulante. Com mais de 2 mil livros, a Bibliovan está estacionada no Parque dos Dick, em Lajeado, desde ontem, e fica até o dia 25 de agosto.
Os exemplares são emprestados para a comunidade e podem ser devolvidos até o último dia de permanência do escritor no município. Para retirar um dos livros, basta anotar o nome em um caderno para o controle do escritor. Assim, Lajeado já é a 5ª cidade a receber o projeto.
A ideia, além de levar cultura e literatura para as ruas de todo o estado, era fazer espetáculos em escolas. Com a pandemia, isso não foi possível. Mas nem por isso Marodin deixa de recitar um poema para quem passa pelo local, ou tocar o saxofone, seu companheiro de viagens.
“Eu vivo da arte e consegui realizar o meu sonho. Onde vou, levo comigo a poesia e compartilho a literatura”, diz.
O edital previa visitações para a cidade de Nova Hartz, São Jerônimo e Vale Real. Com as contas prestadas, Marodin quis dar continuidade ao projeto e já passou por Venâncio Aires. A ideia é parar também em outros municípios do Vale do Taquari, como Teutônia, Estrela e Encantado, e seguir caminho até Soledade. Lá ele quer comprar peças para o artesanato que vende ao lado da Bibliovan. Depois disso, segue para uma nova aventura.
Além dos colares com pedras e dos próprios livros de autoria de Marodin, o escritor também vende ímãs de geladeira para se manter na estrada. “Toda noite é uma surpresa o lugar onde vou dormir, eu vivo de posto em posto. Não comprei meu terreno ou construí família, mas poder espalhar poesia e arte é uma boa forma de dar dignidade a um escritor”, acredita.
Na biblioteca ambulante, todos os cuidados sanitários são tomados, e depois do álcool em gel, apenas uma pessoa por vez entra na van. O espaço fica aberto das 14h às 18h todos os dias da semana, até 25 de agosto.
Viver de literatura
Marodin gosta de recitar poesias e a inspiração é natural para o escritor. Mas nem sempre foi assim. Ecologista e vegetariano, ele ingressou em um curso de agronomia. Durante as aulas, no entanto, gostava de rabiscar poemas.
Já desanimado com o curso, em uma aula de matemática, escreveu uma poesia que o fez chorar. “Eu nunca tinha me emocionado com algo que tinha escrito, e percebi que era isso o que eu devia fazer”, conta Marodin. Hoje são 32 anos de profissão, e 13 obras publicadas de forma independente.
Além dos poemas e crônicas, ele também escreveu um romance chamado O Grande Minerador, e uma autobiografia sobre as aventuras que viveu durante 22 anos dentro de um carro Santana.
Com a execução do projeto da Bibliovan, ele conta com o apoio do governo federal, estadual e das secretarias de cultura dos municípios. Em Lajeado, recebeu o alvará na tarde de ontem para permanecer estacionado pelas ruas do parque.