Um estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia aponta que 72% dos profissionais da área relatam aumento na detecção de miopia em crianças e adolescentes. O tema foi assunto de entrevista com o médico oftalmologista Giovanni Travi no programa Frente e Verso da Rádio A Hora 102.9 na manhã desta terça-feira, 03.
Para o médico, este aumento não é tão recente. O fenômeno de maior número de diagnósticos acontece há alguns anos, desde a mudança no estilo de vida das pessoas com a utilização de celulares, computadores e outros aparelhos eletrônicos.
No último ano, o cenário se intensificou. Com a pandemia, as crianças passaram mais tempo em casa e, consequentemente, mais tempo na frente das telas.
Para evitar novos casos ou o agravamento de crianças que são diagnosticadas com miopia, Travi destaca a importância de consultas oftalmológicas regulares, principalmente neste período de pandemia.
“A criança está aprendendo a enxergar. O baixo estímulo visual na infância pode comprometer a visão para o resto da vida, por isso a importância do exame”, destaca.
Prevenção
Para Travi, é fundamental falar de prevenção. E ela começa nos primeiros anos de vida da criança, ao evitar que os pequenos tenham contato e utilizem com frequência os eletrônicos. “Principalmente em atividades visuais de perto”.
Neste sentido, uma dica para evitar e miopia, ou o desenvolvimento da doença, é sair de ambientes fechados e ter contato com o sol. Além disso, utilizar iluminação natural quando foi possível, abrindo janelas dos cômodos.
“A radiação ajuda o não desenvolvimento da miopia. A miopia é a dificuldade para enxergar de longe. A criança enxerga tudo de perto, mas não de longe. Isso acontece porque o olho cresceu muito. E o sol ajuda a inibir esse crescimento”.
Genética
A genética também pode influenciar na miopia. Travi explica que se o pai ou a mãe da criança são míopes, a chance das crianças desenvolverem a doença aumenta em 30%. “Se os dois forem, a porcentagem aumenta para 50%”.
Tratamento
Para tratar os casos de miopia e evitar que o quadro de saúde dos jovens evolua, pesquisadores de todo o mundo buscam soluções e opções de tratamento. Hoje, o mais comum é um colírio, que usado de maneira contínua, diluído e em doses pequenas pode frear a evolução do quadro.
O produto é indicado para pessoas diagnosticadas com miopia e precisa de acompanhamento regular com médico oftalmologista e exames.
Outra opção é uma lente de contato que age como se fosse um colírio. Ela também ajuda a prevenir a evolução da miopia. “O benefício da lente de contato é que ela melhora a qualidade de vida das crianças, já que ela não precisa usar óculos”, diz Travia.
Além desta lente, uma outra costuma ser indicada pelos médicos para uso exclusivamente noturno, durante o sono.
Sinais de miopia
Identificar a miopia em crianças pode ser uma tarefa difícil, segundo especialistas. Alguns sinais que indicam a doença são franzir os olhos quando ela tenta enxergar algo que está longe, esforço visual e dor de cabeça.
“Mas muitas vezes a criança se acostuma com a baixa visão, que tem desde cedo e não demonstra esses sinais. O correto é fazer exames oftalmologistas regulares, a cada ano”.
Confira a entrevista na íntegra: