As baixas temperaturas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias deixa produtores em alerta com as culturas de inverno e os parreirais de uva. O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos, participou de entrevista no programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, para falar dos impactos e dar dicas aos agricultores.
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Pesquisador da Embrapa participou de entrevista nesta quinta-feira (Foto: Arquivo pessoal)
As videiras ou parreiras de uva tem resistência as baixas temperaturas e chegam a suportar até -35ºC quando estão adormecidas e não tem nenhuma brotação. “Quando a planta começa a brotar, essa resistência cai para -1ºC”, explica o pesquisador.
Hoje, as videiras estão em estado de dormência. “É importante dizer que o frio nesta condição ajuda a planta, nas primeiras baixas temperaturas de agosto ela liga essa condição fisiológica de dormência”, comenta. Quando isso acontece caem folhas e o teor de água na planta é reduzido.
O frio é benefício em algumas situações. “Quanto mais frio ocorrer durante o inverno, maior vai ser o percentual de brotação e a uniformidade na primavera”, garante. A expectativa é que a safra de uvas seja positiva.
O que prejudica a safra, de acordo com Santos, é calor fora de época. “Quando temos 15 dias quentes a planta começa a responder e ativar a brotação, na sequência quando vem o frio tardio acaba fazendo mal porque ela está brotada e acaba queimando porque não resiste a baixas temperaturas”, explana.
Além das parreiras, qualquer planta que esteja vegetando com floração, folhas novas é suscetível a congelamento porque o tecido vegetal em crescimento tem mais de 90% em água. “O grande problema é que a geada congela a água dentro do tecido. Passando o período de congelamento, o tecido estravasse e aparece aquela característica de queimado, ficando preta.”
Estratégicas para preservar
Depois de vídeo que circulou nos grupos de WhatsApp que fogueiras aquecendo parreiras na França, o pesquisador destaca que existem algumas estratégias para a temperatura da planta ser mantida.
O método passivo é o mais indicado, pois ele é eficiente e controla o dano, tem menor custo e minimiza os métodos ativos. Uma das primeiras coisas que deve ser feita é observar a data de brotação. “Se tem histórico de geada tem que optar por cultivar com brotação mais tardia e escolher a orientação solar norte”, recomenda.
Já que o frio se comporta como água, resfriando a parte mais alta e escorrendo pela encosta, a dica é plantar outras culturas acima dessa encosta para proteger os parreirais.
Erva-mate
A erva-mate tende a suportar mais as temperaturas registradas na região Sul do Brasil, pois é nativa. Aquelas plantas que não são nativas do país costumam sofrer mais. “Quando se refere a essas questões frutíferas é sempre melhor prevenir do que remediar os danos que já ocorreram”, diz.
Ouça a entrevista na íntegra