Durante o trabalho, como entregador do jornal A Hora no bairro São Cristóvão, Lairton Coutinho observou uma fumaça na janela da casa número 500 da rua Paraná. “Retornei e vi que era um incêndio. Eu comecei a tocar pedra para acordar o morador”, relembra Coutinho.
João Molss acordou no meio do fogo, mas não conseguiu sair pela porta de casa. O jornaleiro começou a gritar para pedir ajuda. O barulho acordou um vizinho. Juntos resgataram o idoso. “Eu estava dormindo, era 4 horas da manhã. Depois que acordei, não conseguia abrir a porta, até que quebramos a janela. Fiquei sem nada, queimou tudo”, lamenta Molss.
Faz 26 anos que Lairton Coutinho monta em uma bicicleta todos os dias a meia noite para trabalhar. Em cerca de três décadas, o jornaleiro já viu quase tudo, de assalto a banco a bêbados dispostos em implicar com o entregador. “Já passei por muita coisa. Pela primeira vez, ajudei a salvar uma vida.”
![](https://grupoahora.net.br/wp-content/uploads/2021/07/2021_07_23_Ramiro-Brites_Incendio_1-600x399.jpeg)
Gritos e pedradas acordaram João Molss. Jornaleiro e vizinho ajudaram a retirar idoso das chamas (Foto: Ramiro Brites)
Ajuda da vizinhança
Sogra do homem que ajudou Coutinho no resgate, Núbia Tomazini acolheu João após o sinistro. “A primeira coisa que pensamos foi nele. Depois do seu João, vem o resto porque eu sabia que não podia acudir nada lá dentro. Nem um papel, nem telefone. E desde o incêndio, ele está conosco”.
Ainda na tarde de ontem, Gustavo Cavalli doou uma cesta básica e roupas para João. “Um grupo de amigos ficou sabendo pelas redes sociais, nós marcamos um ponto de coleta das doações e trouxe para o seu João”.
Nos próximos dias, Molss vai morar com a vizinha de porta Lucila Schu, qu
![](https://grupoahora.net.br/wp-content/uploads/2021/07/2021_07_23_Ramiro-Brites_Incendio_2-600x399.jpeg)
Casa de Lucina foi parcialmente atingida. Para ajudar o vizinho, ofereceu um quarto nos fundos do terreno (Foto: Ramiro Brites)
e teve parte da casa atingida pelo incêndio. Ela ofereceu a casa nos fundos do terreno para abrigar o aposentado. “Nos conhecemos faz muito tempo. Quando meu marido ainda era vivo, ele estava sempre junto, fazia jardinagem para nós. Se não formos ajudar, vamos fazer o quê?”.
Ela escutou estouros vindos da rua e achou que fossem tiros. Ao acordar, as chamas já estavam alta. Os vidros da janela e as persianas da parte direita da casa foram destruídas.
Após controlar o fogo, o corpo de bombeiros manteve as entradas da casa abertas para a fumaça sair. “Só consegui entrar às 7h30min em casa de novo. Os bombeiros foram muito atenciosos”, agradece Lucila.
Trabalho dos bombeiros
O Corpo de Bombeiros de Lajeado foi acionado pelos vizinhos perto das 4h horas de quinta-feira. A casa, de 70 metros quadrados teve perda total.
O incêndio ainda atingiu um automóvel Honda Civic 98 e maquinário de trabalho, como motosserra, roçadeira e demais ferramentas de manutenção de jardins.