Autoridades públicas, representantes empresariais e da comunidade de Encantado participam nesta quinta-feira, 22, de reunião com o corpo técnico e com o secretário Estadual de Parcerias Estratégicas. O encontro em Porto Alegre é mais uma etapa das discussões regionais quanto ao plano de concessão das rodovias estaduais.
A Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E) contratou uma consultoria externa para analisar cada obra prevista pelo projeto de concessão do Estado. Dois profissionais da engenharia de trânsito e de rodovias detalharam os impactos desses projetos em termos de viabilidade, deslocamentos e percursos à comunidade local.
Na sexta-feira passada, os especialistas apresentaram os resultados da análise à comunidade, empresários e agentes públicos. A partir disso, se despertou uma preocupação quanto ao formato dos acessos e rótulas.
De acordo com a presidente da associação, Cristina Castoldi, chama atenção o aumento da quilometragem percorrida entre as comunidades vizinhas à praça, como Palmas, Linha Nova e Perolin.
“Para ir ao centro, algumas terão de fazer o retorno em direção a Arroio do Meio e pagar o pedágio. Além do custo da tarifa, o aumento na quilometragem”, adverte. Essas condições, diz Cristina, faz com que moradores de Perolin, por exemplo, tenham um aumento de deslocamento entre a localidade e o centro em mais de seis quilômetros.
O presidente do Conselho de Desenvolvimento da região (Codevat), Luciano Moresco, os dados apresentados em Encantado servem de alerta para todo o Vale. “Sabemos que há municípios sem esse olhar detalhado, que não tem um corpo técnico para fazer um estudo de impacto. Se em Encantado haverá essas dificuldades, precisamos perguntar e em Arroio do Meio? E em Cruzeiro do Sul, onde o município inclusive tem um distrito industrial sem acesso.”
A concessão das estradas gaúchas integra o Avançar RS. São mais de 1,1 mil quilômetros, com expectativa de aplicar R$ 10,4 bilhões em 30 anos. As rodovias do Vale (ERSs 128, 129, 130 e 453) aparecem no lote 2 junto com estradas de Passo Fundo, Carazinho até Santa Cruz. Nestes trechos, a previsão é investir R$ 3,9 bilhões.
“Vamos buscar uma alternativa”
Conforme o secretário de Parcerias, Leonardo Busatto, as preocupações de Encantado são válidas e precisam ser consideradas. “Vamos buscar uma alternativa. Podemos pensar em uma parceria com o Estado para criar uma rótula interna nas vias do município, para evitar que os moradores tenham de ingressar na rodovia.”
Desde a apresentação do plano de concessões, feito pelo BNDES e pelo Piratini, líderes regionais apontam pelo menos quatro pontos que vão contra a expectativa local. Em primeiro, o leilão com dois critérios: preço do pedágio e maior outorga. Significa que a vencedora terá de pagar um valor ao governo estadual para assumir a estrada.
Outro ponto de discórdia é quanto ao local das praças. Para o Estado, a cobrança seguiria nos municípios atuais, em Palmas (Encantado) e em Boa Esperança (Cruzeiro do Sul).
Junto com isso, também há um pedido de previsão para implementar o formato de cobrança por quilômetro rodado (free flow). Por último, a duplicação da ERS-130, entre Encantado e Lajeado. Pelo esboço do Estado, esse investimento ocorreria após sexto ano de concessão. Para o Vale, se trata de uma obra urgente e que precisa ser feita antes deste prazo.