Airton Hahn, 61, é produtor cooperado há mais de 40 anos. A família reside em Linha Wolf, no interior de Estrela, onde aloja 30 mil aves e mantém produção de 230 litros de leite ao dia. Desde os 18 anos, Hahn é associado à Languiru, dando sequência ao modelo de negócio implementado pelo pai.
A confiança no cooperativismo fez Airton incentivar a filha Diane, 28, a permanecer no campo. Há sete anos investiram cerca de R$ 300 mil na construção de um novo aviário. Para garantir o investimento, Hahn buscou financiamento na cooperativa Sicredi Ouro Branco, onde é associado desde 1982.
Para o produtor rural, negociar através de cooperativas possibilita um atendimento personalizado e próximo. “Converso com pessoas daqui que conhecem nossa realidade”, relata Hahn, sobre a experiência de ser cooperado.
A aposta remete às origens da região. Neste sábado, 3, é celebrado o Dia Internacional do Cooperativismo e o Vale é referência no modelo. Somente em 2020, as cooperativas locais cresceram quase 20%, segundo dados da Ocergs. “As cooperativas podem construir um mundo melhor e nós podemos fazer isso em especial no Vale do Taquari”, destaca o presidente Vergílio Perius.
Espírito colaborativo
Para Adilson Metz, presidente da Sicredi Integração RS/MG, o futuro da região passa pelo protagonismo das cooperativas, sobretudo no espírito colaborativo. “E também na responsabilidade dos associados em participarem efetivamente, na fiscalização, na gestão, nas assembleias, exercendo a função de donos”, comenta.
A participação da população nos processos cooperativos também é exaltada por Dirceu Bayer, presidente da Cooperativa Languiru, com a aplicação de recursos na região e distribuição de sobras. “As cooperativas trabalham para um mundo melhor e, apesar de toda tecnologia de hoje, são as pessoas que fazem a diferença”, frisa.
Neori Gusson, presidente da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, enxerga o sistema cooperativista com dinâmica econômica e social de grande valor para a sociedade no futuro. “As cooperativas tem um olhar especial para a sustentabilidade, o que é fundamental para a qualidade de vida e bem estar de todos”, avalia.
Já Renato Martins, presidente da Certaja, entende que o cooperativismo impulsiona o crescimento dos menos favorecidos. “De forma individual, eles não teriam condições de buscar uma melhor qualidade de vida. Através desse tipo de associação, isso fica facilitado, pela união de esforços e pelo poder de barganha”, salienta.
Pandemia e estiagem
O resultado positivo das cooperativas é reflexo da capacidade de adaptação frente aos desafios causados pela pandemia. Esta é a avaliação do presidente executivo da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas. “Mudamos nosso foco para a prevenção e saúde dos colaboradores das plantas industriais. Felizmente contornamos a situação e continuamos produzindo com toda a segurança necessária”, revela.
Já o presidente da Arla Cooperativa, Orlando Stein, lembra que o desempenho do último ano superou as expectativas, apesar do impacto da estiagem na safra de grãos. O alívio veio com a boa colheita de 2021 e valorização do milho e soja. “Nossa parceria com o produtor garante a constante evolução e investimentos para aumentar a produtividade”, observa.
Olhar para o próximo
Pioneira no Vale, a Certel Energia completou 65 anos em 2021. E, para o presidente Erineo José Hennemann, entre os diferenciais está o papel social. “As cooperativas são sociedades cidadãs, tendo em seus associados a razão de existir. Não adianta apenas ter conhecimento de que exista um problema social, mas é importante participarmos também”, pontua.
Neori Ernani Abel, presidente da Sicredi Ouro Branco, também percebe a importância de atender pessoas em situação de vulnerabilidade. “Está no DNA do cooperativismo fazer a diferença na vida das pessoas e no mundo ao nosso redor”, ressalta. A cooperativa de crédito, para celebrar a data, lançou uma campanha solidária, arrecadando recursos em prol das entidades sociais.
Cenário diferente
Das 81 cooperativas de transporte existentes no RS, duas são de Arroio do Meio. Adelar Steffler preside ambas, a ValeLog e a Rede Transportes. E ele mostra otimismo com o desempenho do setor em 2020, sobretudo quando comparado às empresas de transportes. “Várias empresas tiveram muitos problemas. E dentro das cooperativas não se viu isso. É um cenário bem diferente do que acontece no mercado”, salienta.