Levantamento do Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (IRB), organização ligada aos Tribunais de Conta (TCEs) do país, identifica as condições das escolas para o cumprimento dos protocolos de segurança frente a pandemia. As informações apuram todas as instituições educacionais do país das redes públicas.
O estudo apresenta dados extraídos do Censo Escolar 2020 e detalha como estão as conexões à internet, acesso a redes de esgoto, energia, água potável e estruturas para práticas esportivas.
No recorte regional, o principal percalço está nas condições das quadras esportivas. Dos 100 colégios da rede estadual, 77 não dispõe de cobertura. Chama atenção o acesso a internet por meio de conexão banda larga, com 34 sem esse serviço.
Outro aspecto diz respeito à infraestrutura básica. O instituto aponta que há sete escolas da região sem banheiros. Os dados não apresentam os nomes das instituições. Ainda assim, as informações apresentam quais são as cidades com déficit estrutural. Desse total de escolas sem banheiros, três são em Lajeado.
Pelo histórico, uma dessas é a escola Fett Filho, no bairro Moinhos. “Isso não condiz com a realidade.”, afirma a diretora Eloísa Franz. Ainda assim, o banheiro para uso dos alunos fica no CTG Raízes do Sul.
O centro de tradições está em terreno anexo a escola, com entrada pelos fundos, em área coberta. “O Estado alugou o espaço. Temos no CTG uma sala de aula, refeitórios e cozinha.” A escola aguarda pela ampliação do complexo no mínimo desde 2017. “A demanda por matrículas cresceu muito na nossa escola. Hoje são 170 alunos. A ampliação é uma necessidade mesmo”, reconhece Eloísa.
A 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) questiona o levantamento. A responsável pelo órgão, Cássia Benini, afirma que os dados apresentados pelo estudo não conferem com a realidade das escolas. Os motivos dos “supostos” erros serão apurados.
Entre os dados mais controversos do estudo, está o abastecimento. Conforme o instituto, de 100 escolas, 84 não teriam água potável. Essa informação é considerada equivocada pela coordenadoria.
Raio-X do RS
Foram analisadas informações de 137,7 mil escolas e de 38 milhões de estudantes. No RS, das mais de 7,1 mil escolas presentes no mapeamento, 353 não tem banheiro. Em 21 instituições de ensino (todas da rede municipal), não há esgoto (rede pública ou fossa).
O instituto ainda diz que mais de 2,1 mil não contam com água potável, enquanto 22 não têm sequer abastecimento de água, seja ele público ou por meio de poço artesiano, cisterna ou fonte. Quanto à internet, o mapeamento detectou 282 escolas sem qualquer tipo de conexão, seja para uso dos alunos, administrativo ou da comunidade.
Com relação a banda larga, são quase 1,5 mil sem internet de qualidade, o que representa 20,8% das instituições de ensino analisadas. Na avaliação do TCE, o acesso a rede de computadores é fundamental para o ensino remoto, modalidade adotada pelas escolas na pandemia.
Sobre as quadras, o TCE sugere que o espaço seja uma alternativa para atividades pedagógicas mantendo o distanciamento social entre professores e alunos. Porém, 59% de todos os colégios gaúchos não contam com coberturas. O principal gargalo é na rede estadual, com 82,8% dos colégios sem essa estrutura.
De acordo com o presidente do IRB e conselheiro do TCE gaúcho, Cezar Miola, melhorar a condição dos colégios é fundamental para que a comunidade escolar possa seguir os protocolos mais básicos de segurança para evitar a contaminação pelo coronavírus. “As escolas precisam estar abertas para atender e acolher aos estudantes. Acesso à água potável, a existência de banheiros e rede de esgoto são apenas o ponto de partida”, afirma.