Vale do Taquari
Retomado em abril, o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda (BEm), programa do governo federal, amenizou a crise que o setor calçadista enfrenta desde o começo do ano. Cerca de 60 mil acordos foram fechados entre empresas e trabalhadores, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Esta medida, junto com o avanço da vacinação em massa, é considerada fundamental para uma recuperação do setor. “Boa parte desses 60 mil acordos salvaram milhares de empregos que seriam perdidos na indústria calçadista”, comenta o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Entre março e abril, período de agravamento da pandemia da covid-19 no país e aumento das restrições, foram registradas 10,5 mil demissões no setor em todo o país. Por isso, a reedição do BEm é considerada positiva dentro do ramo, como admite o presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas e Vestuário de Teutônia (Siticalte), Roberto Müller.
Segundo ele, houve um encolhimento do setor no município, com cerca de mil demissões desde o ano passado. “Perdemos muitos trabalhadores, que se recolocaram em frigoríficos ou mudaram de cidade. Por isso, vemos como importante essa medida. Pela primeira vez se fez um programa que preserva o emprego, e não o desemprego”, afirma.
Normalização das atividades
Conforme Müller, os meses de junho e julho costumam ser de baixas no setor. “A partir de agosto, temos uma perspectiva de retomada. Hoje o momento é de muito cuidado e alerta. Não temos festas, nem eventos. Quem vai comprar um sapato agora?”, ressalta.
A partir da retomada da produção e aumento nas vendas e exportação, Müller acredita que as empresas poderão suspender o programa e voltar a trabalhar a pleno.
Projeção da Abicalçados é de crescimento de 12% na produção de calçados no fim de 2021, o que terá impacto positivo no emprego. Isso se dá, segundo a entidade, com a normalização das atividades de comércio físico de calçados em grandes centros de consumo.
“A produção diminuiu 70%”
Não é só as indústrias que sentiram o impacto da crise. Wellington Azzolini é gerente de uma fábrica de chinelos sediada no bairro Planalto, em Lajeado. Segundo ele, houve uma queda significativa nas vendas, tanto na loja online quanto nas exportações para o restante do país e exterior. “Não chegamos a sentir nos 3, 4 primeiros meses da pandemia. Os efeitos vieram. Nossa produção diminuiu 70%”, comenta.
No começo do ano, a empresa teve um aumento nas vendas, que logo diminuiu. Mesmo assim, conseguiu segurar os funcionários sem aderir ao BEm. “Tivemos apenas uma demissão. Todos os demais trabalhadores foram mantidos”, salienta Azzolini, que tem boas perspectivas para os próximos meses. “A tendência agora é melhorar”.