“Quero passar força para elas enfrentarem as dificuldades”

Entre aspas

“Quero passar força para elas enfrentarem as dificuldades”

Natural de Nova Bréscia, o tatuador Geri Berti, 45, mantém um projeto voluntário em Encantado, onde refaz sobrancelhas de mulheres que superaram um câncer. A ideia surgiu depois dele perder as avós para a doença e ver a luta da mãe que passou por um câncer de mama. Com mais de dez anos de projeto, ele quer atender cada vez mais mulheres e continuar com a ação enquanto puder ajudar

“Quero passar força para elas enfrentarem as dificuldades”
(Foto: Arquivo pessoal)
Vale do Taquari

Há quanto tempo atua na área e como surgiu esse gosto pela profissão?
Sou tatuador há mais ou menos 20 anos. Na época de aula, sempre gostava muito de desenhar e era bom nos desenhos. Aí fui fazer uma tatuagem e me interessei pelo processo, foi nesse período que fui para Porto Alegre para trabalhar como ajudante em estúdios de tatuagem.

Como surgiu a ideia do projeto e como ele funciona?
O projeto voluntário de refazer sobrancelhas para mulheres que superaram o câncer surgiu quando estava assistindo televisão e vi uma pessoa que fazia o mesmo na cidade de São Paulo. A iniciativa da tatuadora me tocou mais a fundo porque eu já tinha vivenciado a doença e a perda em minha família. Minhas avós faleceram de câncer e minha mãe foi diagnosticada com câncer de mama, mas superou depois de fazer o tratamento com cirurgias e medicamentos. Nessa época eu presenciei tudo, a tristeza, o medo, a insegurança que minha mãe tinha. Então quando vi o projeto da tatuadora de São Paulo resolvi fazer aqui também para tentar ajudar a melhorar a autoestima dessas mulheres.

Quem são as mulheres que atende?
Atendo mulheres que passaram pelo tratamento de quimioterapia e perderam os pelos da sobrancelha. É feito um desenho novo de sobrancelhas conforme o formato do rosto. E, quando aprovado, o desenho é feito em definitivo no modelo fio a fio para dar mais realismo nas sobrancelhas. A única coisa que eu exijo é que quem vem fazer o atendimento precisa de uma autorização por escrito do médico dizendo que ela está livre do tratamento e que pode fazer o procedimento.

Faz todo o procedimento de forma voluntária? O que te faz permanecer com esse projeto?
Sim, totalmente voluntário. O que me faz manter o projeto é a alegria ao ver a cliente se olhando no espelho e dizendo que amou e já está mais feliz. Nunca pensei em acabar esse projeto, enquanto tiver condições, pretendo fazer.

Quantas pessoas já atendeu?
Ao longo de mais de 10 anos com esse projeto não tenho mais ideia de quantas clientes atendi. Fiz atendimentos em mulheres de toda região. Mas muitas mulheres não sabem do meu trabalho. A adesão ao projeto poderia ser ainda maior.

Na tua opinião, qual é a importância do projeto?
Acho que a mulher já por estar doente, perdendo cabelos e sobrancelhas, elas acabam ficando mais tristes e mais vulneráveis. Ajudando com a autoestima delas acredito que acabo de alguma forma passando mais força para que elas enfrentem as dificuldades de cabeça erguida.

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