Como foi se adaptar à vida de cadeirante?
Me acidentei em 2003, há 18 anos, na saída 78 da Rodovia Castelo Branco, interior de São Paulo. Era motorista de carreta. Foi um período bem complicado, pois é um acontecimento que tu nunca espera. E é uma mudança brusca, drástica. Foi um processo lento, dolorido e moroso, mas tem que prevalecer a vontade de viver. E consegui isso, com o apoio da família, dos amigos.
Você enfrentou preconceito por conta de sua condição?
Sim. Tu enfrenta bastante situações de dificuldades. Percebe também o olhar diferente de algumas pessoas. Mas temos que ter a noção de que a vontade de viver é maior do que o preconceito. Há muitas pessoas que tem outras dificuldades, ou deficiências, e encaram isso.
Quando você descobriu o handbike?
Foi durante a pandemia que comecei a praticar o handbike. Adquiri meu equipamento e iniciei praticando dentro da cidade. Aí, passei a me deslocar até outros municípios, fazendo percursos mais longos. Fui a Fazenda Vilanova, Estrela, Lajeado e Teutônia, eu e minha esposa. Até Teutônia foi o mais distante. Foram 51 quilômetros entre ida e volta. Levei na média de três horas e meia a quatro horas. Tu consegue desenvolver uma uma velocidade de 12 quilômetros por hora, mas em alguns locais consegue andar mais. E tem que ter um certo preparo. Usa muito o braço, o corso, o tórax para os morros. Aqui no Vale há muitas subidas.
Pretende realizar percursos mais longos?
Estou treinando aqui e minha ideia agora é ir até Triunfo, começando a fazer percursos mais longos. Também pensamos em ir até Porto Alegre um dia, fazer 100 quilômetros. Estou me preparando muito para isso.
Que benefícios a prática do handbike te trouxe?
Para a saúde é ótimo. Tu perde peso, cuida da questão da mente. Tudo melhorou desde que comecei a praticar. Minha esposa e filhos passeiam comigo. E tu tem uma sensação de liberdade que te proporciona ver coisas que tu não vê dentro de um carro, como as paisagens ao longo das rodovias e na própria cidade. São passeios muito gratificantes. A descoberta da Handbike foi algo fora de série para mim.
Além do handbike, você pratica outros esportes?
Eu também pratico basquete. Jogo há 16 anos, comecei em Santa Cruz do Sul e integrei a equipe do Blindados, em Lajeado, que não existe mais. Hoje, jogo apenas com o pessoal da Aspede, de Santa Cruz. Mas, por conta da pandemia, não podemos treinar e jogar. Até por isso passei a praticar o handbike.
