Da Idade Média ao século XX, as chamadas “noivas de preto” marcaram celebrações de casamentos desde o RS até a Europa. Mesmo dividindo opiniões, a tradição ajuda a contar a história da região e é o tema do livro “Noivas de Preto”, escrito pela prenda Jéssica Herrera, 22.
“A vestimenta fala pela mulher, expressa os sentimentos, os protestos, a classe social e, principalmente, a identidade. Procurei compilar no livro uma visão geral do assunto. Na pesquisa, identifiquei que a versão mais aceita é a que remonta ao Feudalismo”, explica a estudante de direito.
Ela conta que, especialmente no leste europeu, existia a tradição “ius prima nox” (direito à primeira noite). Isso significava que o Senhor Feudal dormia com a noiva de seu vassalo, pela primeira vez, na noite anterior ao casamento. Segundo a pesquisa, em protesto e luto, as mulheres escolhiam a cor preta para vestir no casamento, a fim de mostrar o desgosto com o costume praticado pelos senhores feudais.
“Aqui no Rio Grande do Sul, as noivas de preto aparecem como uma tradição perpetuada por mulheres de origem germânica, considerando que seria o vestido mais bonito de toda sua vida e que elas poderiam utilizá-lo em outras ocasiões”, conta a lajeadense.
Durante a pesquisa, Jéssica teve contato com cinco vestidos de noiva de preto, três deles preservados pelo Museu de Venâncio Aires, e os outros dois conservados por famílias de Marques de Souza e Westfália. O livro contempla 138 páginas de história e mais de 20 entrevistas em quatro municípios do Vale do Taquari e Rio Pardo: Lajeado, Marques de Souza, Venâncio Aires e Westfália.
Uma estreante
Noivas de Preto é a estreia de Jessica no universo literário e seu maior desafio foi lidar com a carência bibliográfica e a falta de reconhecimento do tema. “A maioria das pessoas não conhece e nunca ouviu falar sobre as Noivas de Preto. No entanto, acredito que quem possui descendência alemã pode encontrar registros com a presença delas”.
Ela conheceu a tradição quando reuniu fotografias dos familiares para um trabalho escolar. Mas foi em 2017 que iniciou a pesquisa, com a temática geral proposta pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho. “Escolhi apresentar as Noivas de Preto, a fim de conhecer mais sobre a minha própria história”, conta. O trabalho foi apresentado na Mostra Folclórica da 48ª Ciranda Cultural de Prendas, em 2018 e inspirou a criação do livro.
A pré-venda da obra vai até 11 de maio no valor de R$ 29,90. O livro pode ser adquirido pelo número (51) 99507-8183 e será lançado no dia 11 em uma live na página do Facebook da Editora Pragmatha.