Quando despertou o seu interesse pela arte?
Nos tempos de escola Cenecista, ouvindo atentamente as aulas sobre as civilizações antigas, pesquisas e na primeira visita ao Margs (Museu de Arte do RS), lá por 1977. A primeira visita à um museu a gente nunca esquece.
Como foram seus primeiros trabalhos como artista plástica?
Depois da faculdade, dei início à expressão de valorizar as pessoas daqui da região, mostrando na pintura ofícios, arquitetura local e paisagem que ressalta o turismo. Privilegiei as crianças, pintando uma grande obra para o Hospital Ouro Branco, de Teutônia, na ala pediátrica do SUS, trazendo encantamento, cor, vida e alegria, através dos contos de fadas e personagens de histórias em quadrinhos. Pintei murais trazendo paisagens de minha terra natal e depois o Shopping Lajeado me contratou para fazer 80% da arte vista pelo público. Foi muito especial a interação com o público. Foram vários anos de muito trabalho com pincéis.
O que uma obra de arte deve ter para despertar a atenção e interesse das pessoas?
As obras devem trazer emoções, não importam quais. Deve trazer verdade, instigar, sensibilizar, emocionar, fazer pensar e não importa ter ou não “beleza” estética. A arte precisa insistir no poder da transformação. Ela chama atenção quando denuncia nossas mazelas, as coisas erradas que o ser humano faz pelo mundo. Antes da pandemia, aconteceram nos EUA movimentos de lutas pacíficas contra o racismo, que se espalharam pelo mundo. A arte não ficou estacionada. Artistas do grafite já denunciavam em seus murais o racismo. Tudo fica mais intenso, forte, vibrante e pulsante quando a arte mostra a energia de tudo que podemos mudar para viver numa sociedade mais justa.
O que mudou no trabalho de um artista plástico nos últimos anos, com a chegada das novas tecnologias?
Penso que o artista pode começar a desenvolver um processo criativo no computador e depois expandir para as telas e grandes murais. Arte nem sempre precisa ser tátil como pinturas e esculturas. A partir de um desenho feito a carvão ou com uso de tintas, posso fotografar, posso produzir arte digital, ou seja, uma infogravura, posso projetar imagens em grandes dimensões. Visitar bienais de artes visuais é tudo de bom para ter experiências sensoriais inesquecíveis.
Hoje você se dedica mais a cuidar de idosos, mas encontra tempo para o artesanato. O que você mais gosta de confeccionar?
Quando estou cuidando de um paciente ou de idoso, não tem como ficar com mente e mãos ociosas. Meu ser criativo está sempre inquieto e trabalhando. Carrego crochê junto, crio padrões em peças exclusivas com design que eu crio na linha decorativa e utilitária, todos em fio de malha. Em minha casa, crio peças bem maiores como mandalas em crochê e outros itens da minha marca “Jeito de Ser” e caminhas para pets da minha marca “Peludo’s Bed House”, todos em fio de malha, produto 100% reciclado. Ou seja, o que seria lixo, vira luxo. Artesanato é algo tão puro, tão folclórico, que ensina gerações, coisa que está no DNA.