Uma das poucas oficinas de reparos de trens no Brasil fica em Rio Negrinho, no Estado de Santa Catarina, mantida pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). É lá que o vagão apelidado como Cacique está sendo reformado, com a previsão de chegar ao RS no fim do ano, a fim de compor o Trem dos Vales.
Este será o primeiro carro de passageiros do projeto de um trem definitivo na região, para fazer o trajeto de Muçum a Guaporé e, posteriormente, Colinas e Estrela. Ainda em fase de tratativas, não há previsão para a chegada do trem ao Vale.
“Além desse vagão, mais três vão receber manutenção nos próximos dois anos, nesse mesmo estilo. A composição da frota do Trem dos Vales será complementada com outros três vagões da associação”, explica o vice-presidente da ABPF, Marlon Ilg.
Para o trem funcionar na região, ainda será necessária uma autorização da Rumo Logística e do Governo Federal, mas a expectativa é boa para a execução do projeto.
Ponto de história e turismo
A ideia é também trazer à região dois vagões fixos instalados nas cidades de Muçum e Guaporé, para servir como base de informações turísticas e históricas. “São vagões da década de 40 que rodavam os estados do sul do país, transportando cargas em sacas de arroz, café ou feijão”, conta Marlon.
O projeto é uma parceria entre a ABPF, prefeituras e empresários, e pretende preservar a história das ferrovias nacionais, divulgar o turismo da região e servir como ponto de venda de ingressos.
Segundo o diretor de marketing da associação, Anistheo Fagionn, o levantamento histórico das ferrovias também é trabalho da ABPF. Os vagões já estão nas cidades de Muçum e Guaporé, onde recebem a manutenção. A previsão é de estarem prontos dentro de um mês.
Mais próximo do Vale
O Trem dos Vales passa pela histórica Ferrovia do Trigo, localizada entre a Serra Gaúcha e o Vale do Taquari. Segundo o vice-presidente da ABPF, também existe um projeto para reativar os cerca de 14 quilômetros das linhas ferroviárias entre Colinas e Estrela, e a ideia é que elas também integrem o trajeto.
A associação tem previsão de abrir uma filial na região e, mais tarde, inaugurar um Museu Ferroviário. “Este projeto tem grande importância para a economia local e trazendo para o Vale, queremos também atrair associados que possam agregar ao nosso trabalho”, afirma Marlon.
Vagão Cacique
O vagão especial que recebe reforma em Santa Catarina, é carinhosamente chamado de Cacique e integrou a linha ferroviária da Estrada de Ferro Leopoldina, no Rio de Janeiro.
Ele é um dos poucos remanescentes desta histórica composição que chegou a contar com algumas dezenas de vagões. A ideia é preservar as características originais da vagoneta que foi criada em 1950.