Maior demanda por oxigênio mobiliza hospitais e gestores

Item indispensável

Maior demanda por oxigênio mobiliza hospitais e gestores

Em Putinga, escassez fez prefeito buscar pessoalmente produto em Canoas. Governo de Lajeado cedeu motorista ao HBB para garantir mais cilindros, já que consumo aumentou. Maior parte das empresas responsáveis estão na região metropolitana

Maior demanda por oxigênio mobiliza hospitais e gestores
(Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

Considerado essencial no tratamento e recuperação de pacientes internados por covid-19 nos hospitais, o oxigênio viu sua produção e procura aumentar significativamente desde o começo da pandemia. E, em meio à situação grave enfrentada no Rio Grande do Sul, com a alta de novos casos, internações e óbitos, o gás medicinal torna-se ainda mais importante.

A falta do produto pode acarretar em uma catástrofe na saúde pública, situação vivida recentemente em Manaus (AM). Até por isso, o prefeito interino de Putinga, Fernando Gonçalves dos Santos, não mediu esforços para correr atrás de oxigênio quando foi alertado pela direção do Hospital Dr. Oscar Benévolo sobre uma possível escassez, que deixaria dezenas de pacientes desamparados.

“Quando se precisa de algo, temos que nos unir e fazer alguma coisa. Fui e faria de novo, quantas vezes fossem necessárias”, relata Santos. Ele foi informado pela casa de saúde na noite da última quinta-feira que o oxigênio do hospital duraria somente até a manhã do dia seguinte, e novos cilindros só chegariam no sábado. Por isso, ele foi pessoalmente até Canoas buscar o produto.

Santos saiu de Putinga por volta das 2h, na companhia do irmão, numa caminhoneta emprestada da empresa em que ele trabalhava. “O fornecedor só chegaria no sábado. O hospital já havia pedido oxigênio para os vizinhos de Ilópolis e Anta Gorda, que também estavam ficando sem. Aí bateu o desespero. A solução foi buscar na fábrica da Air Liquide. Nos revezamos na direção”, recorda.

Àquela altura, o hospital dispunha de apenas dois cilindros. Santos e o irmão chegaram em Putinga às 10h30min de sexta-feira, com 21 cilindros de oxigênio. Hoje, a situação está controlada.

Usina de oxigênio

Para não correr o risco de enfrentar a falta de oxigênio no hospital, a prefeitura de Putinga optou por comprar uma usina de geração de oxigênio próprio. Um convênio foi assinado com uma empresa de Porto Alegre e a instalação dos equipamentos já iniciou. O investimento é de R$ 162 mil.

Além da aquisição do sistema de geração de oxigênio e ar comprimido medicinais, será feita uma rede de canalização de distribuição e também uma central de cilindros.

“Com a usina estaremos mais prevenidos. Sempre terá cilindro em estoque. Aqui, estávamos gastando muitos. Uma pessoa chegava a gastar, em meio dia, até quatro cilindros de oxigênio”, recorda Santos.

Prefeitura de Lajeado cedeu motorista para ajudar no transporte dos cilindros ao HBB (Foto: Divulgação)

Reposição diária

O Hospital Bruno Born, principal da região, viu crescer o consumo de oxigênio nas últimas semanas, impulsionada pelo aumento no atendimento de pacientes e a lotação das unidades de tratamento intensivo (UTIs).

A reposição do oxigênio já ocorria diariamente, sendo que a aquisição é feita através de uma empresa terceirizada, controlada por satélite. “Só falta aqui se faltar no fornecedor”, informa o HBB, por meio de sua assessoria de imprensa.

Como o motorista que se desloca até Canoas para buscar os cilindros testou positivo para covid-19, a prefeitura de Lajeado cedeu um motorista para fazer o transporte. “Estamos sempre disponíveis para ajudar, pois o consumo aumentou muito”, informa o prefeito Marcelo Caumo.

Em Estrela, também houve aumento na demanda, segundo o secretário de Saúde, Celso Kaplan. Por enquanto, a situação está sob controle, sem risco de escassez de oxigênio.

Demais hospitais

O Hospital São José, de Taquari, também faz a aquisição de seus cilindros diretamente com a Air Liquide, empresa que detém boa parte do mercado de gases medicinais no estado.

A maior parte das empresas do ramo de produção de oxigênio estão sediadas na região metropolitana. Além da Air Liquide, destacam-se a White Martins (que tem representação comercial em Estrela), em Sapucaia do Sul, a IBG (Indústria Brasileira de Gases), em Canoas, e a Air Products, com sede em Guaíba.

Acompanhe
nossas
redes sociais