Mesmo após a inauguração do novo poço artesiano, comunidade do bairro Santo Antônio ainda relata problemas no serviço. Moradores buscam ressarcimento pelos possíveis danos – morais e a equipamentos da casa, como chuveiros – do período sem fornecimento de água, enquanto outros reclamam de suposto valor abusivo nos boletos.
Claci Canabarro, 53, é moradora da rua Santo Agostinho, no bairro Santo Antônio. Ela mora sozinha e a conta da sua residência aponta o consumo de 22m³, o valor é de R$ 167,19. Conforme, a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa que consome muita água gasta cerca de 6m³ por mês.“Eu não consegui pagar as contas. Fui numa consulta médica e tenho que comprar remédios. Estou com medo que cortem minha água”.
Já Giovana Hunhoff, mora a poucos metros do novo poço artesiano. Em 2020, os boletos custavam cerca de R$ 110. A primeira conta deste ano foi de R$ 161,15. O marido de Giovana tem serviço em outras cidades e frequenta a casa apenas uma vez por mês. Dos três filhos, dois ficam em casa enquanto ela trabalha na maior parte dos dias. “Não teria como vir tão alto. Eu passo um pano no chão e lavo as roupas, mas nem a calçada eu limpo. Espero acumular água em dias de chuva para passar uma vassoura”.
O advogado Daniel Fontana, responsável pelas ações afirma que os aumentos são de cerca de 40% da conta de dezembro em relação a janeiro. Ele acredita que os hidrômetros contabilizam o vento que passa pelos canos além da água consumida. “Moradores falam que estão pagando ar. Essa é a discussão que nós estamos tentando organizar. Em breve, deve haver uma liminar. Por outras decisões judiciais, se verifica que existe sim uma questão do vento. Acaba tocando ali e mexendo no hidrometro.”
O gerente regional do escritório da Corsan, Alexsander Pacico rechaça e alega que os hidrômetros são aferidos pelo Inmetro.
Corsan atribui aumento ao calor
“Nos meses de inverno, a Corsan produz menos água. E no verão, se consume mais água”, constata Pacico ao afirmar que o “consumo de água de uma pessoa não é estanque”.
Ele recomenda que o cidadão que se sinta lesado procure a Corsan. O procedimento é a vistoria do hidrometro. “Caso não seja constatado falha no equipamento a Corsan cobra uma taxa de aferição. Se for constatado o valor é corrigido na próxima cobrança”.
O servidor admite, porém, que há possibildiade de uma contagem equivocada mas há casos de vazamentos internos e desvios de água.
Diversos tipos de extravio já foram constatados. Um deles é o chamado “pé de galinha”, um corte do encanamento antes de chegar no hidrometro. Outro desfalque é o “gato”, quando são instalados encanamento clandestino na rede da companhia. “Existem muitos desvios em Lajeado. Sempre que constatados, a Corsan os interrompe”.
Dispositivos eliminadores de ar
A câmara de vereadores acatou nesta semana o veto à obrigatoriedade de implementação dos dispositivos. Há precedentes para o caso, em diversos municípios do estado. Um exemplo é a ação de inconstitucionalidade julgada, em novembro de 2019, pelo Tribunal de Justiça (TJ-RS) no município de Vacaria.
Conforme o gerente do escritório regional da Corsan, Alexsander Pacico, a companhia não instala esse tipo de dispositivo pois não há nenhum laudo conclusivo quanto a eficácia do item na Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs).
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