Falta de água: Duas versões para um mesmo problema

Saneamento básico

Falta de água: Duas versões para um mesmo problema

Gerente da Corsan e vereador apresentam duas visões distintas sobre como solucionar os problemas de abastecimento de água e tratamento de esgoto em Lajeado

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Falta de água: Duas versões para um mesmo problema
Moradora do bairro Santo Antônio, Valéria Weber junta água na madrugada para tomar banho, cozinhar e lavar louças e roupas. Conforme ela, os boletos não baixam de R$ 200 (Foto: Ramiro Brites)
Lajeado

Gerente defende parcerias público privadas para financiar esgoto

O gerente de operações da Corsan, Alexsander Pacico, participou do programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, na manhã de quinta-feira, 14, e destacou os principais ocasionadores da falta de água em Lajeado.

• O que causa a interrupção no abastecimento de água em Lajeado?
As faltas de água ocorrem por vários motivos. Primeiro, temos falta de água causada por um estouro de um cano da Corsan. Temos 500 quilômetros de rede de água em Lajeado. Invariavelmente, acontece um rompimento. Um segundo é o rompimento por quebra. Sempre temos alguém que está construindo ou o município fazendo o conserto no fluvial e não raras vezes acertam a rede da Corsan e falta água.
A terceira causa de água que a falta de energia. Outro grande problema de um abastecimento de água que a recuperação do consumo. Quando eu deixo de bombear por qualquer motivo, depois, quando abro a água, todos os reservatórios precisam ser novamente terceirizadas e eu tenho aquilo que chamo de “tempo de recuperação do sistema”. Quando falta energia por uma hora, eu preciso de duas para restabelecer o sistema de água. A Corsan adotou uma política de começar a acionar a RGE.

• Temos Estação de Tratamento de Esgoto no bairro Moinhos, construída em 2010, que virou um elefante branco. Como está a situação do tratamento de esgoto hoje em Lajeado?
Aquela é uma estação que trata oito litros de água por segundo. Nós temos hoje ligado cerca de 340 economias da Cohab. Estamos notificando os usuários do bairro Florestal para fazer conexão. Vamos conectar entorno de 700 economias aquela estação. O bairro Florestal já tem as redes instaladas. Se for gratuito o esgoto elas até ligam, mas se tiver que pagar vai ser um berreiro. Quando a Corsan instalou o esgoto na Cohab, uma das perguntas das pessoas foi: “por que com nós?”. As pessoas entendem pagar o esgoto como um fardo. Agora a Corsan conseguiu aprovar na Agergs que morador que está em condições de se conectar na rede de esgoto recebe prazo de seis meses. Se ele não se conectar, vamos começar a cobrar igual.

• O contrato prevê investimentos na área do esgoto?
Prevê e a Corsan prevê a captação deles. A Corsan está adotando a política de fazer as parcerias públicos privadas (PPP) para poder fazer o esgoto. Já existia uma conversa com o município para montar PPP unindo Lajeado, Estrela, Santa Cruz para tornar o ambiente de negócios mais lucrativo e mais atrativo a investimento privado.

Se for gratuito o esgoto elas até ligam, mas se tiver que pagar vai ser um berreiro. Quando a Corsan instalou o esgoto na Cohab, uma das perguntas das pessoas foi: “por que com nós?”. As pessoas entendem pagar o esgoto como um fardo.

Vereador sugere rompimento parcial com companhia

Vereador de Lajeado, Mozart Lopes, participou também de entrevista na Rádio A Hora, e ressaltou os problemas enfrentados com o abastecimento de água no município.

• Na última sessão da câmara, o senhor fez duras críticas à Corsan. Em que Lajeado precisa evoluir?
A preocupação que eu levantei era no sentido de chamarmos a Corsan e perguntarmos qual é o plano de saneamento para os próximos quatro anos. Em 2008, a gente fez o plano nacional de saneamento, um plano extenso e muito caro. Eu ouvi atentamente o gerente de operações, o Alexsander Pacico, na entrevista que ele concedeu à rádio e tive dúvidas. Ele falou em falta de recursos. A gente estima que a Corsan lucra R$ 10 milhões/ano em Lajeado. Se em 12 anos nenhuma estação foi feita, R$ 120 milhões saíram daqui para o Estado. Então, a gente gostaria que o Pacico brigasse para manter essa verba em Lajeado.

• Qual seria a solução para o problema?
Em 2008, eu e o prefeito Marcelo Caumo, na época procurador, chegamos a analisar a possibilidade de não renovar o contrato com a Corsan. Mas a Corsan, na época, prestava um bom serviço de abastecimento, não faltava água. Estivemos em Uruguaiana e visitamos o prefeito Sanchotene Felice, que rompeu com a Corsan e contratou uma empresa filiada a Odebrecht. Foi um transtorno a comunidade não queria pagar. Uruguaiana hoje é uma cidade com esgoto 100% tratado. Nós poderíamos ter uma Corsan lucrando em abastecimento e em saneamento para depois ampliar. Uma hora a caixa preta dos balanços vão ter que aparecer. Nunca insinuando má-fé do Pacico, nem dos seus colaboradores. Hoje ela está com uma cara de uma estatal sem foco, sem rumo.

• Você acredita que Lajeado deveria privatizar a rede de água?
No final de 2020, o novo marco regulatório aprovado pelo Senado. Isso não é um problema de Lajeado. Esse é um problema do Rio Grande do Sul e do país. Esse contrato é de abastecimento e saneamento. Então, o novo marco diz que municípios e estados, podem romper a segunda parte. Poderão romper o contrato com a Corsan, poderão municipalizar. Deixa a água com a Corsan e deixa a segunda parte com uma outra empresa que vem a investir. Inclusive, Guedes falou na semana passada, com recursos públicos como BNDES, BRDE, a juros baixíssimos. Então, a gente entende que a Corsan não vai fazer. E seria um meio, talvez o rompimento parcial.

Corsan consegue lucrar R$ 10 milhões/ano em Lajeado. Se em 12 anos nenhuma estação foi feita, R$ 120 milhões saíram daqui para o Estado. Então, a gente gostaria que o Pacico brigasse para manter essa verba em Lajeado.

 

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