O aumento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de 1,2% em outubro para 2,4% em novembro, calcula a Fundação Getúlio Vargas. Considerado a inflação da Construção Civil, o indicador avalia os preços em sete capitais. A partir disso, se estima o custo dos serviços no setor.
“Acompanhamos os valores de mercado e assusta. Temos itens que passaram dos 100% de alta em menos de 12 meses”, relata o vice-presidente do Sinduscom-VT, Jairo Valandro. Aqueles com mais elevação são os metais, como ferro, alumínio e o cobre.
O cimento também teve um aumento de quase 50% de dezembro do ano passado até agora. “São materiais para o início das construções. Está passando do limite, pois parece abusivo”, critica.
Há duas situações que vem preocupando as construtoras, diz Valandro. Além dessa elevação nos custos dos materiais, a redução na oferta dos itens. “Temos contratos para cumprir. Ainda que os fornecedores estejam entregando os pedidos, isso ocorre em menor volume do que antes.”
A indústria da construção envolve 91 atividades econômicas. Vai do barro até os acabamentos. Estima-se que 20% do PIB da indústria nacional venha da cadeia da construção. Com base em dados do IBGE, essa renda é gerada por obras de infraestrutura, edificação e serviços especializados.
Nos 38 municípios da região, contabilizando organizações privadas, prestadoras de serviço e empresas, são mais de 30 mil cadastros voltados para atividades da construção. Nas maiores cidades, essa representação é ainda mais evidente. São mais de mil empresas ligadas ao setor no Vale do Taquari. Lajeado concentra a maioria, com cerca de 470 CNPJs.
Impacto sobre o Vale
O segmento da construção é um dos mais importantes à economia regional, relata o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Ivandro Rosa. “O mercado da construção, com essa elevação nos custos, impacta sobre o custo final do produto. Pegamos o aço, que representa 10% de um imóvel. Como ele dobrou de preço, significa que pulou para 20% o custo final.”
De acordo com Rosa, a conjunção da pouca oferta de materiais e a alta nos custos vai além do que o simples repasse para o consumidor final. Também interfere sobre a empregabilidade. “O mercado da construção vinha em uma crescente. Em especial a partir de maio, junho. Muitos investimentos em imóveis de alto padrão. Com essa variação dos preços, as construtoras reduziram a velocidade das obras, com isso, estão contratando menos.”
Com relação aos próximos meses, o presidente da CIC avalia que a tendência é para o equilíbrio nos preços dos materiais a partir da normalização dos estoques. Porém, sem retração nos valores de mercado. “Mesmo com o preço alto, há muita procura. Então não acredito que os preços voltem ao patamar anterior.”
RS: o maior aumento do país
Entre as capitais pesquisadas, Porto Alegre tem a maior elevação nos custos da construção. A capital gaúcha serve de parâmetro para o setor em todo o RS. “Estamos no extremo sul do país. Isso traz uma dificuldade de distribuição dos materiais. Somos sempre abastecidos no fim do ciclo”, frisa o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa.
Os dados confirmam esse percalço. Enquanto a média nacional do INCC teve redução entre outubro e novembro, o RS dobrou. No país, o índice alcançou 1,2%, uma taxa inferior aos 1,6% do mês anterior.
O acumulado do ano, de janeiro até agora, está em 7,7%. Um pouco mais do que na análise dos últimos 12 meses (7,8%).