Em meio à falta de materiais, preço da construção dispara

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Em meio à falta de materiais, preço da construção dispara

Inflação do setor, medida pela Fundação Getúlio Vargas, dobra de outubro para novembro. Como consequência, há menos abertura de vagas de emprego no setor e efeito cascata sobre o custo final dos imóveis

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Em meio à falta de materiais, preço da construção dispara
Com pouca oferta de materiais e aumento dos preços, desafio às construtoras é cumprir com os prazos de entrega (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O aumento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de 1,2% em outubro para 2,4% em novembro, calcula a Fundação Getúlio Vargas. Considerado a inflação da Construção Civil, o indicador avalia os preços em sete capitais. A partir disso, se estima o custo dos serviços no setor.

“Acompanhamos os valores de mercado e assusta. Temos itens que passaram dos 100% de alta em menos de 12 meses”, relata o vice-presidente do Sinduscom-VT, Jairo Valandro. Aqueles com mais elevação são os metais, como ferro, alumínio e o cobre.

O cimento também teve um aumento de quase 50% de dezembro do ano passado até agora. “São materiais para o início das construções. Está passando do limite, pois parece abusivo”, critica.

Há duas situações que vem preocupando as construtoras, diz Valandro. Além dessa elevação nos custos dos materiais, a redução na oferta dos itens. “Temos contratos para cumprir. Ainda que os fornecedores estejam entregando os pedidos, isso ocorre em menor volume do que antes.”

A indústria da construção envolve 91 atividades econômicas. Vai do barro até os acabamentos. Estima-se que 20% do PIB da indústria nacional venha da cadeia da construção. Com base em dados do IBGE, essa renda é gerada por obras de infraestrutura, edificação e serviços especializados.

Nos 38 municípios da região, contabilizando organizações privadas, prestadoras de serviço e empresas, são mais de 30 mil cadastros voltados para atividades da construção. Nas maiores cidades, essa representação é ainda mais evidente. São mais de mil empresas ligadas ao setor no Vale do Taquari. Lajeado concentra a maioria, com cerca de 470 CNPJs.

Impacto sobre o Vale

O segmento da construção é um dos mais importantes à economia regional, relata o presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Ivandro Rosa. “O mercado da construção, com essa elevação nos custos, impacta sobre o custo final do produto. Pegamos o aço, que representa 10% de um imóvel. Como ele dobrou de preço, significa que pulou para 20% o custo final.”

De acordo com Rosa, a conjunção da pouca oferta de materiais e a alta nos custos vai além do que o simples repasse para o consumidor final. Também interfere sobre a empregabilidade. “O mercado da construção vinha em uma crescente. Em especial a partir de maio, junho. Muitos investimentos em imóveis de alto padrão. Com essa variação dos preços, as construtoras reduziram a velocidade das obras, com isso, estão contratando menos.”

Com relação aos próximos meses, o presidente da CIC avalia que a tendência é para o equilíbrio nos preços dos materiais a partir da normalização dos estoques. Porém, sem retração nos valores de mercado. “Mesmo com o preço alto, há muita procura. Então não acredito que os preços voltem ao patamar anterior.”

RS: o maior aumento do país

Entre as capitais pesquisadas, Porto Alegre tem a maior elevação nos custos da construção. A capital gaúcha serve de parâmetro para o setor em todo o RS. “Estamos no extremo sul do país. Isso traz uma dificuldade de distribuição dos materiais. Somos sempre abastecidos no fim do ciclo”, frisa o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa.

Os dados confirmam esse percalço. Enquanto a média nacional do INCC teve redução entre outubro e novembro, o RS dobrou. No país, o índice alcançou 1,2%, uma taxa inferior aos 1,6% do mês anterior.

O acumulado do ano, de janeiro até agora, está em 7,7%. Um pouco mais do que na análise dos últimos 12 meses (7,8%).

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