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Sementes do exterior intrigam autoridades Análise em sementes do exterior mostra presença de fungos, bactérias e ácaro
Era meados de maio quando a empresária Vera Lúcia Riediger recebeu um pacote desconhecido. Ela aguardava um Sedex de uma prima quando foi avisada que tentaram entregar uma correspondência na agência de turismo na qual é proprietária. Quando conseguiu receber a encomenda, notou que havia algo de errado.
Era um pacote de plástico, que contavam com pequenos sachês dentro. Neles, estavam sementes, de origem desconhecida, mas com escritas que remetiam à China. Nas informações da embalagem, constavam até dados pessoais de Vera Lúcia, como o CPF e o endereço de sua residência, aumentando ainda mais o mistério.
“Abri a embalagem para ver o que era. Me questionei se não havia comprado alguma coisa de fora. Não fazia nem ideia do que poderia ser aquilo”, relata Vera Lúcia. Ela perguntou também ao marido se ele havia efetuado uma compra de fora. Sem saber a origem, decidiu guardar as sementes na agência. E lá elas ficaram por quase quatro meses.
Somente em setembro, quando recebeu um alerta por meio das redes sociais, Vera Lúcia percebeu que havia sido uma entre tantas outras pessoas do país que receberam sementes sem procedência por meio de uma correspondência. “Elas estavam guardadas. Eu nem lembrava mais disso até receber mensagem pelo WhatsApp falando das sementes”, afirma.
Recolhimento das sementes
Assim que recebeu os alertas do governo federal, Vera Lúcia acionou a prefeitura e, posteriormente, foi até o Departamento de Agricultura, entregando as sementes para que elas fossem encaminhadas ao Serviço de Fiscalização de Insumos e Sanidade Vegetal (Sisv-RS), órgão ligado ao governo federal.
“Nem mexi depois, entreguei direto. Fiquei com medo”, admite a empresária, após ver os riscos que as sementes poderiam trazer para o meio ambiente.
199 pacotes das sementes misteriosas
Segundo a mais recente atualização do governo federal, foram confirmados 199 pacotes de sementes não solicitadas em 23 estados e no Distrito Federal. Todos os pacotes foram originários de países asiáticos, como China, Malásia e Hong Kong.
A orientação do Ministério é para que as pessoas não abram pacotes de sementes não solicitados recebidos pelos Correios. Até o momento, não é possível apontar os riscos envolvidos. Desta forma, o pacote não deve ser descartado no lixo, a fim de evitar contato das sementes com o solo e sua germinação.
O material está sendo enviado para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Goiânia, que deve ter as primeiras análises concluídas esta semana.
Autoridades em alerta
Quando os primeiros casos de sementes não solicitadas foram registrados no estado, logo iniciaram os alertas. As autoridades ficaram intrigadas com esta situação. A preocupação maior era com um possível desequilíbrio do ecossistema, já que podem se tratar de plantas invasoras, com o desenvolvimento de fungos, bactérias e outras pragas.
