O debate sobre a criação de um espaço público para os vendedores ambulantes esquenta em Lajeado. E é um assunto antigo. Nesta mesma gestão, comandada pelo prefeito Marcelo Caumo, o mesmo tema foi debatido pela primeira vez em 21 de março de 2017, durante uma reunião na prefeitura. Há três anos e meio, a criação do camelódromo foi abordada. Mas foi apontada por lojistas como uma “oficialização da venda irregular” e o assunto não evoluiu.
Camelódromo II
Naquele mesmo encontro, em março de 2017, o presidente do Sindicomerciários Marco Daniel Rockenbach afirmara. “Prefiro vê-los trabalhando do que praticando crimes. Então acho que precisamos achar uma forma de reinseri-los de modo legal, a fim de não criar outro problema, ainda pior. Não podemos tirá-los daqui sem criar uma alternativa. Se demonstraram excelentes vendedores. Acredito que possa ser viável trazê-los ao comércio.”
Camelódromo III
Três anos e meio depois daquela reunião, Rockenbach voltou a ser questionado acerca do tema, em nova reportagem publicada pelo Grupo A Hora. “Qualquer ação para regulamentar será conivente, porque a maioria dos produtos é de procedência duvidosa”, afirmou. E o sindicalista também reforçou a opinião anterior. “Não adianta só tirar as pessoas das ruas, temos que dar alguma oportunidade”. Repetitivo ou não, ele traz duas verdades.
Camelódromo IV
Neste intervalo de tempo, e mais precisamente em setembro de 2018, outra reunião entre poder público e representantes do Sindilojas e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) tratou sobre o comércio ambulante. Novamente, o camelódromo foi ventilado. Naquele momento, o prefeito Marcelo Caumo foi taxativo ao afirmar, em entrevistas, que não seria criado um espaço para os camelôs na cidade. Dois anos depois, o mesmo assunto volta à tona.
Camelódromo V
O vai e vem desse debate é curioso. Isso nos demonstra, no mínimo, falta de convicção por parte dos representantes do governo municipal. O que de certa forma é algo natural. Afinal, o tema carece de um consenso mundo afora. Não é uma exclusividade dos lajeadenses. E o tema é muito complexo. Há diversos prós e contra a serem analisados. E muito em função disso, não podemos “criminalizar” ou “cancelar” quem se posiciona contra o camelódromo.
Camelódromo VI
Nesta semana, o empresário Nilton Colombo se posicionou em nome do Fórum das Entidades. Entre suas colocações, afirmou que camelódromo não faz parte da cultura, ou do costume de Lajeado. Não está incorreto. De fato, não temos a cultura do camelô tão espraiada como em outras cidades. Colombo não falou qualquer inverdade, e tampouco ofendeu os vendedores ambulantes. Mesmo assim, não escapou do julgamento virtual dos “justiceiros de plantão”.
Camelódromo VII
Mas há um “porém” nesta conclusão. Cultura ou costumes podem ser criados. Eles não nascem e morrem pré-definidos com as cidades. E são muitos os bons exemplos de camelódromos instalados em cidades – litorâneas, principalmente. Logo, a criação de um espaço para esse nicho de mercado não é uma ideia absurda. Pelo contrário, pode ser uma forma de justificar a tolerância zero nas ruas centrais. Desde que haja fiscalização, claro.
Camelódromo VIII
O tema “fiscalização” talvez seja a grande pedra no sapato do poder público – não creio em preconceito ou algo do gênero por parte do ente público. O mercado dos ambulantes não envolve só o Código de Posturas e o uso adequado das calçadas. Mas, sim, uma fiscalização muito mais rígida e que ultrapassa os limites do prefeito. Principalmente em relação à origem dos produtos. E isso, definitivamente, é um problema que não pode ser deixado de lado.
Pesquisas eleitorais
O Grupo A Hora publica hoje a primeira de uma série de 11 pesquisas eleitorais. E o assunto atiça os bastidores políticos no Vale do Taquari. Entre alguns candidatos, ressurge a tese de que as pesquisas de opinião ou intenção de votos podem induzir eleitores. Para muitos, o eleitor tende a votar em quem está à frente na corrida pelas prefeituras. Ontem, durante o programa Frente e Verso, questionei o Diretor do Instituto Methodus sobre esse tema.
E José Sauer não titubeou. Em determinado momento, afirmou que a tese se trata de uma “bobagem” por parte de alguns políticos, especialmente entre os derrotados. Certo ou errado, Sauer vai além. “Isso é uma utopia. A pesquisa não muda resultado, apenas revela se a disputa está acirrada ou se algum candidato apresenta boa vantagem”, defende. Influenciando ou não, as pesquisas possuem critérios sérios e o histórico de acertos comprova a credibilidade.