“Estou com 63 anos e não tenho data para parar de trabalhar”

Negócios em Pauta

“Estou com 63 anos e não tenho data para parar de trabalhar”

Nicanor Constantin é fundador da Obra, empresa com 30 anos de história no ramo de materiais de construção

“Estou com 63 anos e não tenho data para parar de trabalhar”

A esquina da avenida Acvat abriga uma das mais tradicionais lojas da cidade. Com 30 anos de história, a Obra Materiais de Construção foi criada por Nicanor Agostinho Constantin, que aos 63 anos continua atendendo clientes e parceiros na empresa.
Natural de Três Lagoas, hoje pertencente ao município de Progresso, Contantin faz parte de uma família italiana com vocação para o empreendedorismo. Veio para Lajeado para estudar na Antiga Fates, hoje Univates, e desenvolveu a aptidão pelo setor da construção civil na Costaneira, onde trabalhou por nove anos.
Para Constantin, o sucesso da A Obra está baseado na parceria com fornecedores e colaboradores, no bom relacionamento com clientes, concorrentes e com a comunidade.

– Qual a origem da sua vocação para o empreendedorismo?

Nicanor Agostinho Constantin – Vem de família. Sou natural de Três Lagoas, que pertencia à Bela Vista do Fão e hoje pertence ao município de Progresso. Meu pai tinha a Ferraria Ferreiro na localidade. Minha família é de origem italiana, do Vêneto, norte da Itália. Todos os Constantin da nossa região são parentes, pois vieram de um único tronco da família e se estabeleceram na região em 1887. Está no sangue dos Constantin a marcenaria, a ferraria e o comércio.

– Quando o senhor se estabeleceu em Lajeado?

Constantin – Fiz o primeiro grau no interior, o segundo no seminário de Taquari, e o curso superior na Fates, em Lajeado. Vim para a cidade no dia 2 de janeiro de 1980 para trabalhar no Arno Johann, hoje Costaneira. Primeiro fui auxiliar de depósito, depois auxiliar de vendas, vendedor e gerente de vendas. Trabalhei nessa empresa até 1989. Foi uma grande escola. Trabalhei na época com Arno Johann, Donald Johann, Antônio Jacó Bolsi, Carlos Rasche, e muitos outros colegas com os quais cultivei amizades que perduram até hoje.

– Qual a importância da Costaneira na sua trajetória como empreendedor?

Constantin – A empresa investe muito em treinamento e criou uma equipe muito boa. Era uma turma que dominava o mercado de material de construção e dela se desmembrou muitas empresas que hoje atuam na região. Tem empresários em Encantado, Taquari, Lajeado e Santa Cruz do Sul que foram alunos dessa empresa mãe, que é a Costaneira. A Obra nasceu nesse contexto, em abril de 1989, na avenida Acvat, bairro Americano. Era uma pequena loja na esquina, no número 240. Na época da Costaneira, eu fazia um grande volume de vendas, graças ao conhecimento que adquiri e pela forte vontade de sempre aprender e atender bem os clientes. Por isso, não foi difícil abrir um comércio próprio.

– Como foi o início da Obra?

Constantin – Começamos a trabalhar com as tintas Renner, aço, tubos e conexões para construção civil. Depois fomos ampliando a linha e acabamos investindo mais na cerâmica. No início vendíamos muito material de várias marcas. Fomos aprimorando, aumentando o número de colaboradores, fornecedores e parceiros. Hoje somos muito fortes no aço para construção civil, em telhas de fibrocimento, e temos uma linha muito grande de cerâmica e porcelanato, além de tubos e conexões da marca Amanco. Trabalhamos sempre com muita tranquilidade, sem dar passos no escuro. Hoje, o mercado é praticamente o mesmo, mas com mais clientes e concorrentes.

– O que é preciso para ser um bom vendedor?

Constantin – Treinamento, vontade de aprender e de se relacionar com os clientes. O vendedor precisa gostar de pessoas, ter empatia. Se ele tem essa vontade e está integrado a uma boa equipe, fica mais fácil aprender e conquistar novos clientes. O respeito ao cliente é fundamental. Na Obra temos pouca rotatividade e não precisamos fazer muitas contratações. Mantemos, treinamos as pessoas que já tem essa relação para que o nosso cliente se torne fiel, tanto à empresa quanto ao vendedor. Temos vendedores que estão conosco faz mais de 23 anos.

– Como a empresa atua para fazer boas contratações?

Constantin – Na hora de escolher, fazemos uma boa entrevista. Temos experiência em saber como as pessoas funcionam e qual a relação delas com a comunidade. Acreditamos nos valores humanos, que fazem parte da origem familiar e do perfil pessoal. Não queremos apenas vendedores, mas pessoas com características comunitárias, que tenham uma ralação de pertencimento às comunidades onde estão inseridos, sejam elas escolares, religiosas ou sociais. Sempre participo e ajudo entidades sociais, religiosas, esportivas, de etnias e beneficentes. Todos esses relacionamentos dão retorno, porque geram a confiança que resulta em negócios. Não ajudamos por esperar retorno financeiro, mas acaba sendo uma consequência.

– Na sua opinião, o conhecimento e os estudos são importantes para o sucesso?

Constantin – É fundamental ter pelo menos o ensino médio completo, mas preferencialmente o ensino superior. Todos nós precisamos ter um vasto conhecimento, não apenas em material de construção ou no ramo em que atuamos. As pessoas pertencem à sociedade e precisam estar abertas e ter um bom relacionamento com todos. Hoje, com as redes sociais é preciso estar atento às fake news. Precisamos ler, de

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