Sucessão e os desafios dos novos gestores

Negócios em Pauta

Sucessão e os desafios dos novos gestores

Revolução tecnológica e comportamental exige resiliência, empatia e qualificação constante

Sucessão e os desafios dos novos gestores

Os negócios mudaram e exigem um novo perfil dos gestores. Diante da revolução tecnológica e da transformação de comportamento que começa pelos mais jovens, mas alcança todas as gerações, as empresas sentem a necessidade inovar em todos os aspectos, inclusive nos modelos de sucessão.
Realizado no Salão de Eventos da Acil, o workshop Negócios em Pauta de outubro adentrou na discussão sobre esse tema. Com mediação do diretor do Grupo A Hora, Adair Weiss, o evento teve como painelistas a sócia e coordenadora do programa de desenvolvimento de equipes da Sulati, Liselena Bersh Neuumann, o diretor financeiro e administrativo da J.A. Spohr, Rodrigo Spohr e o empresário, consultor e vice-presidente de inovação e tecnologia da Acil, Jorge Luiz Faccioni.
Weiss iniciou o debate questionando sobre qual o perfil dos gestores exigido pelo mercado e quais as maneiras utilizadas pelas empresas para a formação desses dirigentes. Conforme Liselena, na Sulati a busca por qualificação é constante, não apenas com incentivo a educação superior como também com grupos de estudos e leituras.
Com 40 anos de história, a empresa é gerida por Liselena e o marido, Erni Neumann e tem 66 funcionário.
Dividimos a empresa em quatro setores principais, cujos coordenadores são preparados para se tornarem responsáveis por gerir a empresa quando nós, os sócios, não estivermos mais nela.”
Em relação à sucessão familiar, uma das filhas do casal trabalha na empresa e está sendo preparada junto com os demais funcionários, em um processo horizontal de qualificação. Para Liselena, o processo de profissionalização da gestão é vital para a perenidade do negócio.
Rodrigo apontou a resiliência, a cooperação e valorização do ser humano como características do líder moderno, mesmo nas áreas de exatas, como a que atua. A J.A. Spohr é gerida pela terceira e pela quarta geração da família. Fundada em 1927 por José Alfredo Spohr, é comandada pelo neto do fundador, José Armando Spohr e seus filhos Rodrigo, Luis Felipe e José Antônio.
“Somos três irmãos, então não pode faltar entendimento. Nossa família sempre se pautou pela cooperação”, aponta. Segundo ele, antes do processo de sucessão os filhos foram livres para escolher qual faculdade gostariam de seguir. Formado em economia, Rodrigo Spohr trabalhou por quase quatro anos em outra empresa antes de ingressar no negócio da família.
“Passei por mais de um setor na empresa, e entrei no cargo de supervisão, então tive esse desafio de ser aceito pela equipe”, ressalta. Segundo ele, seu pai soube descentralizar as decisões e delegar responsabilidades, o que facilitou o processo.
De acordo com Jorge Faccioni, existem diversos modelos de sucessão capazes de assegurar a perpetuação do negócio. Segundo ele, existem empresas com excelentes resultados sem nenhuma pessoa da família dentro da organização. O principal é assegurar a profissionalização do negócio.

WhatsApp Image 2019-10-25 at 2.58.36 PMResolução de problemas e inteligência emocional

Conforme Faccioni, para o futuro, as empresas devem pensar cada vez mais no perfil dos profissionais de gestão. Lembra que, mesmo sem estudos formais, grandes empresários como Bill Gates, Steve Jobs e Jeff Bezos tem como principal característica a facilidade na resolução de problemas.
“A escola ensina muitos conteúdos que não serão utilizados e foca muito pouco nessa característica. O empresário começa e termina o dia resolvendo problemas”, afirma. Ele classifica essa qualidade como inteligência natural, que permitiu ao ser humano a sobrevivência diante das mudanças ao longo da história.
Outra inteligência destacada por Faccioni é a emocional, relacionada à capacidade de administrar as emoções e compreender o próximo. “Hoje temos essa valorização dos dados, que fazem parte da inteligência artificial. Uma empresa pode ter muitos dados, mas se não souber resolver problemas e não tiver inteligência emocional, não saberá o que fazer com essas informações.”
Conforme Faccioni, os computadores nunca conseguirão substituir as pessoas, porque não tem capacidade criativa e empatia, características exclusivas do ser humano. “Se você não conquista as pessoas por essas capacidades, não alcança o coração, não mexe com as emoções.”

WhatsApp Image 2019-10-25 at 2.58.36 PM (1)Ansiedade, tecnologia e valorização humana

De acordo com Faccioni, a revolução tecnológica tornou a ansiedade uma das principais características das pessoas, em especial dos jovens. Para ele, essa realidade trouxe novas oportunidades de negócios.
Cita como exemplo o Uber, criado para reduzir a espera pelos táxis, e que ainda permite observar a trajetória do veículo até a chegada ao cliente. “A economia da ânsia gera toda uma nova possibilidade de resolver problemas.”
Essa ansiedade também se manifesta dentro das empresas, onde os profissionais estão cada vez mais imediatistas para alcançar altos cargos e salários. Conforme Rodrigo Spohr, a relação de crescimento profissional na J.A. Spohr está diretamente a relacionada ao perfil de líder.
“Antes era muito mais demorado para chegar ao cargo de gerência, mas recentemente tivemos uma pessoa que ascendeu a essa posição em nove meses”, destaca. Neste caso, o perfil do profissional foi decisivo.
Segundo Spohr, ao iniciar nas vendas externas, o agora gerente sempre obteve grande desempenho em vendas. “É uma pessoa muito motivada e que sempre pensou em soluções rápidas para os problemas, assim como os demais gestores da empresa.”
Para Liselena, a valorização das pessoas é um dos motivos para o sucesso das iniciativas da Sulati. Segundo ela, as grandes decisões são tomadas em conjunto, em um processo com metodologia e que envolve todos os setores da empresa.
“Essa decisão foi tomada há cerca de 20 anos, quando percebemos que o nosso diferencial seria o trabalho com as pessoas”, lembra. Conforme Liselena, os valores da organização foram determinados a partir de um resgate da essência familiar, baseada na honestidade, no respeito e na agilidade.

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