O suinocultor Fernando Heid, de Marques de Souza, investe R$ 1 milhão na construção de uma estrutura para alojar 1,4 mil animais. A reabertura do mercado russo foi recebida com otimismo e certeza de acerto no novo projeto em andamento.
“É muito importante para diminuir a oferta no mercado interno e elevar o consumo”, comenta. Após concluir o novo prédio, Heid passa a criar 3,1 mil suínos por lote.
Olavo Schneider, de Canudos do Vale, também está confiante. Produtor faz nove anos, mantém 500 animais no sistema de terminação. O investimento chegou a R$ 180 mil. “O mercado russo é um dos mais exigentes do mundo. Retomar as vendas dá confiança e evidencia nosso cuidado em levar ao mercado um produto de alta qualidade, sempre com foco na sanidade e bem-estar”, destaca.
Schneider acredita em aumento no preço. Hoje recebe R$ 30 por cabeça. Com uma melhor remuneração nos próximos meses, planeja instalar comedouros automáticos para diminuir a mão de obra e qualificar o processo. “Será um dos melhores anos desde que iniciei a criação”, projeta.
Qualidade reconhecida
A suspensão estava em vigor desde dezembro de 2017 e chegou ao fim em outubro, trazendo alívio às indústrias do setor.
O país-sede da última Copa do Mundo respondeu por 40% das vendas externas do Brasil. Para Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a retomada das exportações para os russos traz fôlego ao setor. “É um presente antecipado de Natal. Desde o embargo, deixamos de exportar o equivalente a 230,4 mil toneladas”, aponta.
[bloco 1]
Conforme Turra, de janeiro a setembro deste ano, apesar de a China ter ampliado em 212% as compras, as exportações de carne suína recuaram 12,8% em volume e 26,9% em receita.
No RS, foram reabilitados quatro frigoríficos das empresas Alibem, Adele e Cooperativa Central Aurora. Apesar do desinteresse em negociar com a Rússia, os dirigentes das cooperativas da região enaltecem a reabertura do mercado como positiva para a economia gaúcha e nacional. “É uma ótima notícia. Beneficia a toda a cadeia produtiva. Os estoques de carne suína estão altos e o mercado interno não está absorvendo”, diz o presidente da Languiru Dirceu Bayer.
A compra da matéria-prima apenas de frigoríficos gaúchos é evidenciada pelo presidente- executivo da cooperativa Dália Alimentos, Carlos Alberto Freitas. “Destaca a nossa qualidade”, resume.
Para relembrar
O embargo ao Brasil teve como justificativa a contaminação cruzada por ractopamina, que é uma substância promotora de crescimento não admitida pelos russos, na formulação de rações usadas na alimentação dos animais.