O primeiro ano de vida: uma experiência, acima de tudo, sonora

Opinião

Ricardo Petter

Ricardo Petter

Músico e professor

O primeiro ano de vida: uma experiência, acima de tudo, sonora

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Oi, gente! Continuando o papo da semana passada, vamos abordar mais sobre alguns aspectos do desenvolvimento musical humano. E hoje o tema é o primeiro ano de vida. Lembramos que quando o bebê chega a este mundo já traz consigo uma bagagem de lembranças sensoriais da vida intrauterina.
Para começar, precisamos considerar o momento do nascimento, um momento único: ruptura, mudança radical, hiperoxigenação e o encontro com a mãe. É quando ele começa a interagir com o mundo e sua capacidade de se comunicar é através do som.
Ao nascer, o novo mundo acústico é completamente diferente daquele anteriormente vivenciado e, inicialmente, pode parecer não muito agradável. O ambiente intrauterino dá a sensação de segurança e estabilidade proporcionada, principalmente, pelo constante pulsar do coração da mãe.
A perda disso é apontada, por vários pesquisadores, como causa de estresse. Acreditamos que o bebê encontre na música certas características que o fazem experimentar, novamente, a estabilidade sonora vivenciada no útero, o que pode explicar essa predisposição infantil para processar sons musicais.
No primeiro mês, a criança mostra reflexos dinâmicos, provocados pelo som, através da agitação ou do seu relaxamento. Acontecem as primeiras assimilações (sua voz, sua maneira de interagir com o meio) e ela mostra capacidade de reconhecer, localizar e discriminar alguns sons. Do segundo ao quarto mês, começa a emitir e repetir sons em diferentes alturas (balbuciar), faz suas primeiras coordenações sensório-motoras e começa a se acomodar a situações e ambientes diferentes, distingue e reconhece sons. O movimento de balanço de sua mãe pode converter-se em autônomo e em ponto de partida para seus esquemas rítmicos.
De 4 a 8 meses, inicia uma mínima intencionalidade de suas ações: explora, generaliza e repete os movimentos. Acontecem as primeiras comunicações verbais: pode balbuciar os sons que irá ordenar e classificar. Entre 8 e 12 meses, aparece intenção em suas ações, fator que determina o progresso da inteligência. A coordenação permite certa previsão do que acontecerá. Demonstra capacidade de resposta rítmica e controle para matizar os gritos. Com 1 ano de vida, já consegue emitir consoantes e sons bastante precisos.
No primeiro ano de vida, a vivência musical ocorre por meio de diferentes situações. Os pais e educadores estarão contribuindo para o desenvolvimento da sensibilidade e percepção quando cantam com eles, produzem sons vocais diversos por meio da imitação de vozes de animais, criam sons corporais, como palmas e batidas nas pernas, embalando-os e dançando com eles.
As canções de ninar tradicionais, as rodas e cirandas, assim como outras produções do acervo infantil, do folclore, da música popular e erudita, podem e devem estar presentes. Isso favorece a interação e resposta dos bebês, seja por meio da imitação e criação vocal, do gesto corporal, ou da exploração de materiais sonoros, objetos do cotidiano, brinquedos sonoros, instrumentos musicais de percussão, como chocalhos, guizos, blocos, sinos e tambores.

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