Sem crise. Só beleza

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Sem crise. Só beleza

Bem longe da crise, setor de flores se expandiu a uma média de até 16% nos últimos cinco anos. Investir em tecnologia, inovação e eficiência produtiva e de gestão são os grandes gargalos da floricultur

Sem crise. Só beleza
Vale do Taquari

Rosas, orquídeas, crisântemos, kalanchoes, plantas ornamentais, frutíferas, exóticas e tantas outras. São cerca de mil variedades espalhadas em uma área de um hectare às margens da BR-386, no bairro Conventos, em Lajeado.

A floricultura é administrada pelo casal César e Marlise Johann faz mais de 27 anos. Entre os diferenciais para manter o crescimento e atrair novos clientes, cita a diversidade, a qualidade e o conhecimento. “Temos plantas para todos os gostos, valores e espaços. Só não decora e alegra a casa quem não quer”, garante Marlise. O valor varia de R$ 1 a R$ 20 mil, dependendo da espécie.

As flores são compradas de produtores do estado. Já as plantas ornamentais, a maioria é importada de outras regiões do país. Segundo ela, um dos segredos para conquistar os clientes é o conhecimento quanto ao manejo. “Temos uma equipe de funcionários qualificados. Além da venda, orientam, elaboram projetos de paisagismo e ensinam a cuidar das plantas em cada ambiente”, explica.

Entre os desafios, cita o clima e o comportamento dos clientes. “Além da variedade, precisamos estar atentos às novidades, cores e tendências no mercado da moda, beleza e decoração”, enfatiza.

A média gasta por cliente em cada compra varia de R$ 50 a R$ 100, bem superior à nacional, que chega a R$ 35 por ano. A perspectiva é de crescimento. “Acreditamos em resultados positivos. As flores e plantas ornamentais estão cada vez mais presentes nos ambientes amparadas pela sensação de bem-estar e felicidade”, afirma.

Backendorf atenta às mudanças meteorológicas para evitar perdas

Backendorf atenta às mudanças meteorológicas para evitar perdas

Conhecimento é fundamental

Ilton Backendorf, de Arroio do Meio, 54, iniciou com a produção de mudas frutíferas e de roseiras. No entanto, a demora em obter retorno financeiro fez a família migrar para o segmento de flores em vasos, de jardim e mudas de hortaliças. “A venda ocorria após três anos, o que tornou o negócio inviável”, diz.

Hoje são 14 estufas e milhares de mudas em produção. “Em um mês estão prontas e seguem para o mercado”, explica. Como diferencial para obter lucro, destaca o conhecimento. O manejo, segundo ele, é um das etapas mais importantes. “Nosso clima é delicado. Se não cuidar, perdemos tudo”, cita.

Na propriedade, são mantidas mais de 40 variedades de flores e mudas de hortaliças. Tudo é vendido para mercados, agropecuárias e lojas da região.

Kliemann - importante conhecer a preferência dos consumidores

Kliemann – importante conhecer a preferência dos consumidores

Ao gosto do cliente

Após problemas de saúde, o agricultor Giovane Luiz Kliemann, 62, de Cruzeiro do Sul, desistiu da produção de leite e começou a investir no cultivo de flores. “Iniciamos com seis variedades”, lembra.

Em virtude do clima,  montou estufas. São mais de 1,2 mil metros de estrutura coberta. Além de melhorar a qualidade, consegue manter a oferta constante o ano todo. Hoje a família produz em torno de 20 variedades de flores, folhagens, ornamentais e palmeiras para atender floriculturas de Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul.

Para driblar as mudanças meteorológicas, investe em manejo e sementes selecionadas. “São importadas. Garante uma planta com mais vigor e de melhor adaptação ao nosso clima”, destaca.

Entre os desafios, cita a necessidade de manter a oferta estável, com foco na preferência dos clientes. “Hoje identificamos quais as variedades preferidas e as épocas em que as vendas são mais elevadas. Isso reduz os custos, as perdas de mudas e amplia a lucratividade”, afirma.

Valdecir Ferrari

“Temos que conhecer o novo cliente”

Conforme Valdecir Ferrari, presidente da Associação Riograndense de Floricultura (Aflori), investir em tecnologia, inovação e eficiência produtiva e de gestão são os grandes gargalos da floricultura.

O setor fatura, anualmente, mais de R$ 2 bilhões apenas no RS. Com esse montante, o estado está entre os três maiores do país. A relevância torna ainda mais fundamental perceber e entender as mudanças no consumo.

Para Ferrari, a segmentação do público deve ser compreendida com agilidade, tanto por aqueles que atuam na produção quanto para quem está no varejo. “A flor é um artigo de moda”, afirma.

Por isso, entende ser primordial estar atento às movimentações do mercado, de olho na gestão eficiente, por meio de indicadores, diminuição de custos, preços competitivos e novidades constantes no mix de produtos. “Temos que conhecer o novo cliente”, ensina.

O segmento é responsável por cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, entre produtores de flores e plantas ornamentais, atacadistas, lojas de flores, artistas florais e decoradores, empresas produtoras de insumos, paisagistas, estudantes e pesquisadores.

Conforme Ferrari, quem pretende investir ou atua no setor precisa ter consciência de que há certa estagnação no mercado, principalmente das lojas, que passaram a enfrentar, nos últimos anos, forte concorrência de supermercados na venda de flores. “Quem não souber criar novos serviços e se reinventar nesta nova realidade irá ter ainda mais dificuldades. A conjugação de eficiência, inovação, beleza e emoção é a chave do setor neste momento”, alerta.

Setor em números

•R$ 2 bilhões
•Empregos diretos e indiretos – 20 mil
•Produtores – 1,5 mil
•Pontos de venda – Mais de 2 mil
•Hectares – 1,3 mil
•Rendimento por hectare – Flores e plantas em vasos – R$ 420 mil
•Consumo per capita – R$ 38,39
•RS representa 8% da produção brasileira

Fonte – Aflori

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