A música na vida intrauterina

Opinião

Ricardo Petter

Ricardo Petter

Músico e professor

A música na vida intrauterina

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Oi, gente! Hoje o nosso papo é sobre o som e a música na vida intrauterina dos bebês. Pesquisas sobre os efeitos provocados pela música no ser humano revelam que o indivíduo pode ser diretamente afetado pelo som musical. Mas, a partir de quando isso começa a acontecer? De que forma isso ocorre? Que tipo de reações eles podem ter diante de determinados sons? Existe vida sonora-musical intrauterina?
Aquela hipótese de que ao nascer o bebê tinha a mente “vazia”, era uma espécie de “HD virgem” de experiências, uma espécie de folha de papel em branco que seria preenchida após o nascimento por suas vivências sensoriais, já caiu há muito tempo. Pensava-se que os sentidos dos bebês começariam a exercer suas funções, pouco a pouco, somente após o nascimento.
Havia, então, o costume de colocá-los em ambientes pouco iluminados, pois se temia que a exposição à luz pudesse causar danos irreparáveis em sua visão. Da mesma forma, era costume falar baixo ou mesmo permanecer em silêncio perto de um bebê para evitar que sua audição fosse prejudicada.
O estudo da vida pré-natal é recente. Entretanto, os avanços tecnológicos da medicina, principalmente a partir da década de 1970, com o advento da medicina fetal e seus equipamentos, tornaram possível analisar o feto ainda dentro do útero materno. Graças à ultrassonografia, a visão do ambiente intrauterino foi completamente modificada.
Sabe-se, hoje, que o feto é capaz de perceber e responder não somente aos sons internos, mas, também, à pressão, aos sons externos, à luminosidade, entre outros estímulos. Descobriu-se que ele pode ouvir diversos sons provenientes do corpo da mãe, tais como batimentos cardíacos, fluxo sanguíneo nas veias, respiração e, ainda, outros provenientes do ambiente externo, como a voz da mãe e de outras pessoas, a marcha da mãe, os ruídos do ambiente onde ela se encontra e a música.
O sistema auditivo fetal começa a se desenvolver muito cedo, antes mesmo que se complete o primeiro mês de gestação. A partir da 20ª semana, o feto já começa a ser responsivo aos sons, mas ainda com pouca discriminação. É entre a 24ª e 25ª semana que essas respostas adquirem mais consistência.
Assim, o feto já começa a desenvolver sua percepção sonora. O mundo sonoro que o envolve durante o tempo em que ele se encontra no útero é constante e previsível. De fato, existem muitos elementos que compõem essa sinfonia uterina: além dos sons internos provenientes do corpo materno, a voz da mãe falada ou cantada, o som de outras vozes, demais sons do ambiente externo, a música que a mãe escuta.
Porém, de todos esses sons, existe um que se mantém predominante e cujo movimento é constante durante toda a gravidez: o som do coração da mãe. Esse som constitui a primeira experiência rítmica que o bebê é capaz de ter. Podemos, assim, dizer que, antes mesmo de nascer, o feto tem contato direto com um dos elementos mais básicos da experiência musical: o ritmo.
Então, além da oferta sonora inerente à gestação, é indicado proporcionar situações de estímulos sonoro-musicais que envolvam não apenas a colocação de música de qualidade (que vai além da música erudita, do folclore ao pop), mas, também, através de conversas, cantorias e contação de histórias por outras figuras, como o pai, irmãos e avós, para favorecer o desenvolvimento integral do bebê.

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