A família Essig, do interior de Travesseiro, faz parte do percentual de 47% dos usuários que considera ruim ou péssimo o sinal de telefonia móvel. Os índices são de uma pesquisa em andamento coordenada pela Famurs, com base nas respostas de mais de 300 municípios.
Para fazer ou receber ligações, é preciso se deslocar até as áreas mais altas da propriedade. O plano contrato por mês é pouco utilizado. “Pagamos sem poder usufruir. Levo às vezes até 10 minutos para fazer uma ligação. Receber, nem pensar”, diz.
Para minimizar os problemas causados pela falta de comunicação, Edson, 52, instalou roteadores pela casa e galpão. Alguns serviços como avisar o inseminador ou chamar um mecânico são feitos com auxílio de aplicativos como o WhatsApp. “Em caso de urgência, o jeito é correr para um ponto alto. De 20 tentativas, talvez uma dê certo”, lamenta.
Segundo Essig, o problema se intensificou nos últimos três anos após mudanças estruturais na torre, instalada a cerca de dois quilômetros da propriedade, no município de Marques de Souza. “Por telefone, ficamos incomunicáveis. Se não fosse a internet, estaríamos totalmente isolados”, critica.
Sem acesso à internet
A família Pozzebon, de Porongos, Canudos do Vale, faz parte do percentual de 58,9% de famílias que ainda não têm acesso à internet.
Os números foram divulgados com base no Censo Agropecuário 2017, do IBGE. Conforme Adriano, 45, a área está localizada a sete quilômetros da zona urbana, cercada de morros e mata nativa.
Outra dificuldade é o sinal de telefonia móvel. Se o sinal de telefone é fraco, o de internet inexiste. Três empresas já tentaram instalar antenas, mas sem sucesso”, revela Liane, 41.
Enquanto muitos produtores de localidades vizinhas pagam contas, recebem e mandam documentos pela internet, o casal é obrigado a se deslocar até a cidade. A implantação da nota fiscal eletrônica preocupa. “É obrigatório, mas se não tiver sinal como vamos fazer para nos enquadrar?”, questiona Adriano.
Apesar de existir a alternativa de sinal de internet via satélite, os planos são caros e não se enquadram no orçamento familiar.