Reflexo de uma cultura paternalista instalada por um país que não prioriza o empreendedorismo
O concurso público para nove vagas na prefeitura de Lajeado registra nada menos do que 8.190 inscritos. Grande parte já é empregada na iniciativa privada, mas está seduzida a trabalhar na função pública.
E é sobre este fenômeno acendente no Brasil que pretendo discorrer na reflexão desta edição.
Em uma cidade com 80 mil habitantes, haver mais de oito mil interessados em apenas nove vagas no ente público, é no mínimo desalentador.
Ainda que muitos sejam de outras cidades, a maioria são pessoas jovens e, necessariamente, não desempregadas. Isso denota o quão deturpado está o conceito empregatício, e mostra como a ideia de ser funcionário público está impregnada na cabeça dos brasileiros.
Vamos isolar o caso específico de Lajeado e nos remeter à origem de tamanha distorção.
Criamos uma cultura passiva no Brasil, que destoa dos países desenvolvidos, onde os jovens aspiram o empreendedorismo. Nos EUA, se dar bem é empreender e gerar riquezas.
No Brasil, é o contrário. O empreendedor é desencorajado pela burocracia, tributação cruel e legislação trabalhista ultrapassada, alterada recentemente.
Ao longo de décadas, se fortaleceu a ideia de que ser funcionário público é sinônimo de “conforto”, “acomodação” e até de segurança. As leis foram modificadas, sistematicamente, em favor de alguns poucos, criando uma falsa ideia de dinheiro fácil no ente público.
Entretanto, é apenas uma cortina de fumaça, pois a realidade não é bem assim. Ao menos para a maioria do funcionalismo.
A ilusão alimentada por governos paternalistas e assistencialistas ampliou a crença distorcida. Criou-se na população em geral uma falsa ideia de que o Estado aguenta ser o “pai de todos”. E o lucro é pecado.
Não resta dúvida que os programas sociais são vitais para o desenvolvimento de uma nação, mas não se pode criminalizar o lucro e muito menos desprezar o mérito. Muito menos incentivar a malandragem.
Margaret Thatcher já dizia: “Não existe essa coisa do dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”. Sem isso, não há Estado.
Um dia a conta vem e não haverá dinheiro para fechar o “buraco”, como o verificado em vários estados brasileiros, inclusive, aqui no Rio Grande do Sul. Sem falar da Previdência Social.
Não resta dúvida que os absurdos, como os verificados na Assembleia Legislativa, por exemplo, onde alguns assessores acumulam remunerações de R$ 30 mil por mês, estimulam o desejo das pessoas em serem funcionários públicos.
Pegamos o caso do ex-prefeito de Roca Sales, Moacir Lanzini, e o do ex-prefeito de Progresso, Ari Bagatini, só para citar dois exemplos concretos aqui da região. Existem muitos outros, atuais ou aposentados com generosas cifras pagas com dinheiro do povo. Pouquíssimos trabalhadores da iniciativa privada chegarão nesse patamar algum dia.
Não quero entrar no mérito, mas essa disparidade é insustentável.
Saíram os militares com seus generosos benefícios estendidos às viúvas, filhos e outros, para entrar um novo modelo sanguessuga, ainda mais voraz.
A implantação da democracia, a qual defendo, contribuiu para o desserviço nas contas dos governos. A falta de controle e a sucessiva reeleição de governos fisiológicos, populistas e assistencialistas tornaram a máquina pública pesada, mas sedutora. E as “tetas” aumentaram em quantidade tamanha, que a “vaquinha” já não aguenta.
Os professores e demais profissionais públicos que fazem jus a salários dignos amarguram parcelamentos e decepções país afora. A esses já não é possível remunerar adequadamente.
É por essas e outras que o extremista, Jair Bolssonaro, cresce nas pesquisas e está sujeito a vencer a eleição, mesmo com os absurdos que anda dizendo.
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Seja ele o oposto ou igual, tornou-se uma espécie de “antídoto” ao modelo assistencialista, retroalimentado, principalmente, pelo MDB e PT. O PSDB não foge muito à regra, pois também preferiu a releição às reformas.
O ciclo de “Estado pai de todos” dá sinais de esgotamento, tanto na opinião pública quanto na capacidade econômica. E a classe média, principal pagadora dessa conta, está no limite. Ainda assim, a cultura para ser funcionário público segue atraente aos olhos de muitos. É quase um “salve-se quem puder”.
Voltando a Lajeado, pode-se dizer que o concurso público em questão reflete bastante essa realidade. É preferível disputar uma vaga e receber salário público, em vez de correr o risco e se “aventurar” em algum projeto de empreendedorismo, no qual o principal sócio imediato é o governo, burocrático, incompetente e voraz.
Não é preciso ter muitos neurônios para perceber que isso é errado. E tem gente querendo a volta do milagre disfarçado no país. Tudo isso deturba a função pública e cria a falsa ideia de que a mamata é interminável. Que o Estado é forte e aguenta patrocinar, inclusive, a corrupção. Aliás, a Lava-Jato é perseguição política… Patético.
A Venezuela é o exemplo perfeito, bem do lado, para nos espelhar.
Usemos a eleição deste ano para dar uma resposta ao modelo fisiológico fracassado e corroído, que assola a nação e os brasileiros.
Do contrário, continuaremos disputando nove vagas entre oito mil candidatos, fingindo que o paraíso depende de boa vontade e de discurso fácil em favor de uma máquina insustentável.
Votemos em candidatos que defendam o empreendedorismo neste país!
Deputados candidatos a vereador
O alto número de candidatos a deputado estadual pela região seria positivo se a intenção de todos fosse alcançar a Assembleia Legislativa. Tenho dúvidas se chega a cinco o número de verdadeiros candidatos ao parlamento gaúcho. Alguns querem se projetar para concorrer a prefeito, enquanto vários buscam visibilidade para tentar a câmara de vereadores, em 2020. É uma tristeza, para não dizer outra coisa.
O eleitor precisa prestar atenção neste “circo armado” e não botar o voto fora.
Agência de desenvolvimento
Um grupo de empresários se reúne, sistematicamente, para discutir alternativas e oportunidades aos desafios de Lajeado até 2040. O movimento é liderado pela Univates em parceria com a Acil e governo de Lajeado.
Conclusão unânime do grupo é criar uma agência de desenvolvimento, capaz de ordenar as estratégias locais e integrá-las com as cidades da região. O próximo passo será fazer uma visita ao Polo Tecnológico de Santa Catarina.