O RS precisa diversificar a agricultura, defende o pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin. Cerca de 70% da área cultivada com culturas anuais no estado recebe soja e milho na safra de verão e aveia preta e azevém espontâneos (guachos) no inverno.
Esse modelo de produção, explica, provoca a degradação física do solo e, consequentemente, da fertilidade. “Esta prática não adiciona à terra o material orgânico em quantidade, qualidade e frequência compatível com a demanda da biologia do solo para manter sua estrutura adequada à expansão do sistema radicular das plantas”, diz.
Como podemos tornar o solo mais fértil?
José Denardin – O plantio direto precisa ser acompanhado de uma série de cuidados especiais, como a rotação de culturas, o terraceamento, o plantio em contorno e a manutenção da cobertura vegetal. O agricultor deve adotar todo o sistema que permite manter a fertilidade integral do solo, química, física e biologicamente. Para se obter essa fertilidade, não basta fornecer somente os nutrientes às plantas. É preciso que o solo esteja fisicamente saudável, de forma que as raízes consigam penetrar em profundidade para retirar água e incorporar a matéria orgânica.
Quais as técnicas de manejo indicadas?
Denardin – Uma delas são os terraços que formam barreiras na lavoura e conduzem águas que não se infiltram no solo, impedindo que enxurradas levem para rios nutrientes e agrotóxicos. O plantio em curvas de nível, onde o cultivo é feito no sentido transversal ao declive, faz com que a linha de semeadura retenha água. A técnica reduz pela metade o risco de erosão. O plantio direto consiste em semear a cultura subsequente durante a colheita em andamento. Otimiza o uso da terra, promove cobertura do solo, melhora a infiltração da água no solo e aumenta a fertilidade. E a adubação de pastagens com áreas ocupadas por grãos no verão e pecuária no inverno. Essas precisam de adubo para compensar o baixo nível de palhada e do pastoreio dos animais.
Qual a importância da diversificação?
Denardin – Por meio da rotação ou consorciação de culturas, minimização do intervalo entre colheita e semeadura. Favorece o controle de pragas, produz mais resíduos orgânicos, mantém o solo coberto, recicla nutrientes e aumenta a produtividade.