Na propriedade do Guilherme Pozzebon, 28, de Boqueirão do Leão, o momento é de cuidados e muita atenção com os canteiros onde são produzidas as mudas que, logo ali na frente, darão origem à lavoura.
Ao contrário de décadas anteriores, quando eram preparadas a céu aberto e cobertas com tecidos para proteger do frio e umidade, hoje predomina o sistema floating.
Pelo novo modelo, as bandejas são acomodadas sobre uma fina lâmina de água. “A cobertura plástica cria um microclima que protege as mudas contra frio intenso e favorece o seu bom desenvolvimento”, descreve.
Segundo ele, é a etapa mais importante do ciclo produtivo. “Errar no preparo da estrutura pode comprometer o resultado lá na esteira da indústria. O sucesso do rendimento está em ter mudas sadias. Uma vez doentes, impossível recuperar”, alerta.
Outra preocupação é com o frio, a falta de sol e a alta umidade registrada nas últimas semanas. De acordo com Pozzebon, o tabaco é uma planta de sol e a ausência dele exige cuidados redobrados. “Se falhar nos tratamentos preventivos, o prejuízo é certo”, afirma.
Bandejas de plástico
Para melhorar a qualidade das mudas a serem transplantadas para a lavoura em meados de setembro, o produtor substituiu as bandejas de isopor pelas de plástico. Entre as vantagens, destaca o melhor desenvolvimento da planta e o menor índice de doenças.
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Além do cercamento, foi instalada caixa de água e encanamento até os canteiros. A lâmina de água do sistema floating é nivelada e o tratamento das mudas é feito direto no tanque que faz a distribuição de água. “Melhora o manejo e economiza mão de obra e insumos”, detalha.
O valor investido no novo modelo alcança R$ 4 mil. Para melhorar o rendimento por hectare, aposta em adubação verde, correção do solo com calcário e plantio direto.
Expectativa promissora
Pozzebon projeta cultivar 90 mil pés de tabaco nesta safra. No ciclo anterior, foram colhidas mais de 900 arrobas. O rendimento bruto chegou a R$ 136 mil. Embora as entidades ligadas ao setor recomendem cautela e a manutenção da área cultivada para manter o equilíbrio entre a oferta e demanda, o produtor está otimista. “Se o clima colaborar, teremos excelentes resultados. O preço está bom”, opina.
Conforme o gerente técnico Paulo Vicente Ogliari, a expectativa é que neste ano sejam cultivados os mesmos 297 mil hectares plantados nos três estados da Região Sul em 2017. “As restrições ao consumo de tabaco no mundo todo e os cigarros eletrônicos reduziram o volume de tabaco. Mesmo com a proibição desses dispositivos no Brasil, nos Estados Unidos e Europa, o consumo já é grande nos mercados que importam do Brasil”, explica.
A safra 2017/18 rendeu 667 mil toneladas de tabaco. A expectativa é manter a produção no mesmo patamar.