Roque Valmir Martini, 48, de Boqueirão do Leão, festeja o resultado da safra de uva. Segundo ele, foi a melhor em termos de qualidade, dos últimos quatro anos, quando o parreiral de 1,5 hectare começou a produzir. “A graduação de açúcar (brix), a sanidade e a cor da fruta estavam excepcionais. São esses três fatores que resultaram em um produto de excelência”, garante.
Neste ciclo, a família processou três mil quilos de uvas das variedades bordô, niágara branca e isabel. Serão vendidos em média 1,5 mil litros de vinho colonial até o fim do ano, ao valor de R$ 7,50 cada. “As condições meteorológicas foram determinantes para uma fruta de qualidade. Tivemos menos de 400 horas de frio e tempo seco antes da floração”, explica.
Fidelização de clientes
Para o enólogo Marciano Paludo, de Marques de Souza, a alta qualidade da matéria-prima resultou no uso mínimo de aditivos enológicos. “Pode-se realizar macerações mais longas nos vinhos o que proporciona uma maior retirada de cor e aromas presentes na uva. A sanidade das frutas foi determinante”, diz.
Segundo Paludo, é uma forma de diminuir a concorrência com os vinhos importados. “Conseguimos elaborar excelentes produtos, fundamental para fidelizar os clientes”, afirma.
A expectativa para o próximo ciclo é de safra cheia e com boa qualidade, pois há previsão de primavera sem muita chuva e não está confirmado o fenômeno climático El Niño no verão. “Torcemos para isso”, finaliza.
A família Paludo processou mais de 40 toneladas de uvas colhidas na propriedade em Linha Bastos. As frutas foram transformadas em sucos, vinhos e espumantes, vendidos em uma loja especializada em Lajeado.
Menos volume, mais vendas
Conforme o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a última safra é considerada uma das melhores da década em termos de qualidade. Para Marcio Ferrari, vice-presidente do Ibravin, a qualidade da matéria-prima é essencial para os rótulos brasileiros manterem o destaque no mercado interno e no exterior. “Além do excelente teor de açúcar, as frutas estavam saudáveis e com boa cor. Resultou em produtos de excelência”, pontua.
O presidente do Ibravin, Oscar Ló, diz que qualidade vai elevar as vendas. “Será uma safra de referência, especialmente para os vinhos tintos de guarda”, acrescenta.
Para Olir Schivenin, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, o sabor, o aroma, a cor e graduação estão excelentes.