Em 2018, as ações voltadas à proteção da criança e adolescentes pelo SindiTabaco completam 20 anos. O programa tem por objetivo oferecer subsídios para que o jovem permaneça e se desenvolva no meio rural e, ao mesmo tempo, combater o trabalho infantil, em especial em áreas com plantio de tabaco
Quais são os principais obstáculos para a erradicação do trabalho infantil no país?
Marinalva Cardoso Dantas – A naturalização e a aprovação da sociedade em geral, da ocupação do tempo das crianças no trabalho, como se isso fosse prevenção à marginalização. A ignorância a respeito dos danos e a exclusão pela falta de educação dificultam a retirada das crianças da vida laboral e criam um círculo vicioso que eterniza a pobreza e a exploração do trabalho precoce. Em segundo lugar, a falta de oportunidade de desenvolver uma aprendizagem com trabalho decente e seguro nas empresas deixa de fora das cotas respectivas adolescentes em idade permitida para a aprendizagem.
O sistema educacional brasileiro enxerga as peculiaridades das regiões rurais?
Marinalva – Não creio. Os livros e ilustrações focam na vida urbana e as crianças não se identificam. A aprendizagem na área rural se torna quase inviável e os alunos não se preparam para o mundo do trabalho qualificado e decente.
Qual a importância das ações do Instituto Crescer Legal?
Marinalva – Existe uma preocupação com a sintonia entre as atividades desenvolvidas nos cursos e a vida real de filhos de pequenos produtores. Jovens começam a enxergar que desenvolvendo o negócio da família poderiam viver harmonicamente num ambiente saudável e próspero, sem precisar abandonar as propriedades e buscar a incerteza das cidades.
Considerações finais
Marinalva – As ações contribuem para desenvolver técnicas, diversidade de produção e oportunidade de oferecerem um bom produto na sua comunidade, podendo crescer seu círculo de clientes mediante planejamento e administração do negócio da família. Também conseguem ver os malefícios do trabalho infantil e conscientizam seus pais sobre os riscos dos primos e irmãos que ainda vivem a infância trabalhando.
Observação: Marinalva foi entrevistada pelo SindiTabaco