Professores insatisfeitos, pais indiferentes e alunos desmotivados. Essa parece ser cada vez mais a triste realidade do ensino público brasileiro. Em Santa Catarina, no Vale do Itajaí, o soco desferido por um aluno na professora Márcia de Lourdes Friggi, 51, virou discussão nacional. Docente da rede estadual faz 12 anos, a professora foi agredida quando levou o adolescente de 15 anos à direção, após desentendimento na sala de aula.
As imagens que correm pelas redes sociais e portais de notícias, mostrando Márcia machucada e com o rosto ensanguentado, são dramáticas e estarrecedoras. Nada, absolutamente nada, justifica a atitude do aluno. Se a professora tem, ou teve comportamentos que incitam a violência, como suspeitam posts antigos no próprio Faceboock, não cabe aos alunos intervir dessa forma. É papel do Estado ditar as regras, orientar os docentes e prepará-los de forma adequada e suficiente para desempenharem suas funções. Já sabemos, violência só gera mais violência.
Agressões contra professores são mais comuns do que possamos imaginar. Inclusive, à nossa volta. Dados da Coordenadoria Regional de Educação, referentes ao primeiro semestre de 2016, revelados no início deste ano, mostram 1,1 mil agressões físicas e verbais contra professores da rede estadual.
Infelizmente, o período do professor referendado, respeitado, com conceito de mestre, se esvaiu. O que se vê nas escolas públicas – não em todas, pois há muito professor e aluno nota 10, dedicado e comprometido com o ensino de qualidade – são professores abalados, seja pela violência, pelo despreparo emocional ou pela negligência do Estado. Aqui no RS, o agravante é ainda maior.
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Em vez de debater e discutir novas e melhores formas de didática e modelos de ensino, Estado e professores repetem históricos confrontos por melhores salários. Greves já estão na agenda curricular. De fato, o governo está entre os que pior paga seus professores. Não bastasse, faz mais de ano, parcela e atrasa os vencimentos junto com os dos demais servidores do Estado.
Educação como prioridade
Ontem, enquanto a notícia da agressão da professora corria o Brasil, evento na PUC em Porto Alegre, em conjunto com o jornal Zero Hora, apresentava mais um Índice de Desenvolvimento Estadual. Entre os debates, educação, a queda de qualidade e o fraco desempenho.
Estabelecer a educação como prioridade real e não apenas como slogan eleitoreiro é um dos grandes desafios do Brasil. Pouco antes de cair pelo impeachment, Dilma Rousseff, ainda na condição de presidente, estabeleceu o Brasil como Pátria Educadora, em 2015.
Para aqueles que, como eu, sonham com um país mais justo e mais digno, onde a educação tem uma função fundamental de alicerce da cidadania, as palavras pátria educadora até soaram como um pingo de esperança. Não que eu confie em discursos de políticos – quaisquer que sejam eles, valem tanto quanto notas de R$ 3 –, mas o desejo de mudança é tão grande que qualquer ato reacende a brasa dormida. No entanto, neste caso, sabíamos, “Brasil, pátria educadora” não passava de slogan publicitário, forma sem conteúdo. O desprezo com a educação continua e o resultado está nas ruas e nas escolas.
Atenção, Bom Pastor e Conventos
Hoje, a partir das 19h, o projeto Mapa da Cidade estará na comunidade Nossa Senhora de Lurdes, realizando o primeiro debate sobre os bairros lajeadenses. Representantes do Daer, do governo municipal, da Univates e dos dois bairros formam mesa-redonda para discutir o que o bairro tem de bom e o que precisa melhorar e evoluir.Nos encontramos por lá.
Remendos intermináveis
Vereadores apresentaram 21 emendas modificativas ao projeto de lei encaminhado pelo Executivo, sobre o novo formato do estacionamento rotativo de Lajeado. As sugestões, entre outras coisas, mostram duas situações bem claras: a primeira é a falta de unanimidade em torno do serviço que custa a emplacar. A segunda é a prova cabal de que tudo que nasce torto cresce torto.
À medida que o tempo passa, parece mais distante a possibilidade de se estabelecer um entendimento quanto ao melhor modelo de cobrança. Enquanto as vaidades pessoais e opiniões divergentes prevalecerem sobre o sistema atual, dificilmente Lajeado encontrará um ponto de equilíbrio quanto à cobrança de estacionamento rotativo. Está faltando vontade e maturidade política e sobrando convicção e ego entre os agentes que têm o poder de dar um basta nesta polêmica que já passou do limite.