Festival coloca o Vale na rota do cinema

Lajeado

Festival coloca o Vale na rota do cinema

A partir de hoje, região entra na história do cinema brasileiro. Durante três dias, o Teatro Univates será palco para a exibição de obras de todo o país.

Festival coloca o Vale na rota do cinema
Lajeado
oktober-2024

Em um momento de instabilidade financeira e política que atinge diversos setores da sociedade, principalmente a cultura, cidade recebe o 1º Festival de Cinema de Lajeado. A participação de 330 filmes surpreendeu realizadores de outros festivais do estado.

Os quatro selecionadores da comissão escolheram 55 curtas-metragens oriundos de dez estados para serem mostrados nos três dias de festival. A exposição de curtas que visa evidenciar o turismo gaúcho começa hoje e se estende até sábado no Teatro da Univates.

Na mostra competitiva, serão 21 produções de ficção, 21 documentais e 13 obras de animação e experimentais, polêmicas, inclusive. Cinco filmes entraram na lista dos não competitivos.

O evento agora está no mapa da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e põe em evidência a cidade para os principais realizadores do país.

Durante os três dias de evento, serão ofertados livros, filmes e CDs relacionados ao turismo do RS. São obras intituladas Exportando Belezas, que trazem os principais pontos turísticos. O CD contém uma seleção de músicas compostas por Lauro Bergesch, idealizador do festival.

Cerca de 50% dos realizadores de filmes inscritos serão esperados para participar dos momentos de debate com o público, a serem realizados no auditório do prédio 11. Hoje e amanhã, nas sessões das manhãs, mais de 50 escolas da região levam alunos para prestigiar a sessão livre do cinema, totalizando cerca de 400 alunos por dia no festival.

No turno da tarde, nestes dois dias, haverá clube de mães e estudantes da Univates que terão entradas gratuitas. A sessão adulta de amanhã à noite traz produções experimentais provocativas e polêmicas.

O primeiro filme aborda a questão do corpo nu, por meio de uma linguagem próxima a do documentário, mas mescla um pouco com ficção, então, é considerado híbrida.

A segunda produção a ser exibida, Sangria, aborda a questão da menstruação da mulher. Segue a linha do nu constante e frequente e utiliza o ensaio autoral para dar forma à obra.

Presença da atriz Júlia Lemmertz

No sábado, a atriz global Júlia Lemmertz será uma das estrelas do evento. Uma homenagem será feita no momento em que serão anunciados os vencedores do festival. Quem comandará o circuito é o colunista Roger Lerina, repórter de cultura e crítico de cinema. Também é editor do Segundo Caderno do jornal Zero Hora.

Nas categorias animação, documentário, ficção e experimental, foram convidados o documentarista, cineclubista e antigo organizador do Festival Santa Maria de Vídeo e Cinema, Luiz Alberto Cassol.

O integrante da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), Robledo Milani; e a diretora, produtora e roteirista, Betânia Furtado, que participou da produção de mais de dez longa-metragens.

Participação surpreendeu a organização. Comissão analisou 330 filmes                      Desse total, 55 foram selecionados. Programação inicia hoje, com a mostra competitiva do Cine Escola

Participação surpreendeu a organização. Comissão analisou 330 filmes Desse total, 55 foram selecionados. Programação inicia hoje, com a mostra competitiva do Cine Escola

Cidade evidenciada

O diretor de cinema e um dos avaliadores do festival, Alexandre Derlam, recebeu em um HD externo os mais de 300 filmes enviados. Foram meses de planejamento e estratégia para assistir nas horas vagas e avaliar quais deveriam ser contemplados para a mostra.

Um encontro no dia 2 de fevereiro serviu para que os quatro jurados trouxessem uma pré-lista com os filmes que mais tinham chamado atenção. Para Derlam, o curta-metragem é historicamente o atalho para se fazer filmes de maior envergadura, com mais recursos. “Muitas vezes tu acaba percebendo grandes propostas de filmes longas nos curtas. Mas há casos que na transição de um para outro não fica boa. Os motivos são muitos e acho que o curta segue sendo uma porta de entrada.”

Afirma que a cidade se destaca no cenário e que o festival é um grande início e uma forma de aproximar o público. “É algo histórico e quem sabe não pode estar revelando um novo eixo de produção de cinema no estado.”

Segundo Derlam, Lajeado se torna conhecida a partir deste primeiro festival e pode ser inserida no mapa de produção e realização de cinema do Brasil. “O cinema e o turismo são duas vertentes que começam a conversar e a gente precisa disso.” De acordo ele, o cinema precisa da indústria, do recurso e do prosseguimento. “Tem que persistir porque percebemos que o turismo dá certo em muitas cidades e aciona a economia criativa.”

Novas produções

As obras deveriam ser gravadas a partir de 2014, o que incentivou as novas produções. “O objetivo é ter uma plateia grande, isso é uma alegria para um realizador muito maior de ganhar o prêmio. Isso é o próprio prêmio: ser assistido.”

Para ele, apesar de o cinema ter ampliado nos últimos anos, alcançando o chamado ‘boom do cinema brasileiro’, houve problemas de distribuição e exibição. “As grandes plateias seguiram assistindo a filmes ligados à Rede Globo, mas os outros não conseguiram obter resultados vantajosos fora desse público.”

Na tarde de ontem, organização ajustava detalhes para abertura do 1º Festival de Cinema de Lajeado

Na tarde de ontem, organização ajustava detalhes para abertura do 1º Festival de Cinema de Lajeado

Coordenação e trabalho diário

A coordenadora do projeto Monique Mendes atua desde julho do ano passado. A primeira coisa a fazer foi a seleção dos filmes. “Uma divulgação bem focada proporcionou essa integração.” Afirma que para alcançar os realizadores de cada estado foi preciso muito trabalho. “Foi um trabalho de formiguinha. Formamos o mailgin de contatos que não existia, focando nos festivais que já existem.”

Segundo ela, a cultura está em um momento complicado e o festival servirá para dar esperança de dias melhores. Após as exibições, ocorrem os debates com os realizadores. Para ela, este é o ápice do festival. “Assistir a obra, saber como foi feita e trocar ideias é um dos melhores momento. A cidade mergulha no cinema nestes três dias”, conclui.

Saiba Mais

Premiação

Três jurados irão avaliar as 55 obras e premiar as melhores em cada categoria. O título máximo é o de melhor curta-metragem. Todos vencedores receberão o troféu Exportando Belezas – uma miniatura do Viaduto 13, de Vespasiano Corrêa. Os prêmios em dinheiro variam entre R$ 500 e R$ 1,2 mil.
Melhor Curta do Festival
Melhor Curta Animação
Melhor Curta Documentário
Melhor Curta Experimental
Melhor Curta Ficção
Melhor Direção
Melhor Atriz
Melhor Ator
Melhor Roteiro
Melhor Fotografia
Melhor Trilha Sonora Original
Melhor Edição
Melhor Direção de Arte

Programação

•Hoje

8h45min às 11h30min – Mostra competitiva (Cine Escola)
14h às17h – Mostra competitiva
17h15min – Debate com realizadores
19h15min – Solenidade abertura – Shows culturais, Exportando Belezas, mostra competitiva

•Amanhã

8h45min – 11h30min – Mostra competitiva (Cine Escola)
14h às 17h – Mostra competitiva
17h15min – Debate com realizadores
19h15min – Mostra competitiva (sessão para adultos)

•Sábado 1o

8h45min às 11h – Mostra não competitiva – Exportando Belezas
11h30min – Debate com realizadores ( Exportando Belezas e dos filmes de sexta à noite)
14h às 18h – Passeio Cedelinho
20h – Solenidade de premiação, show de encerramento da Bico Fino Brothers Band.

Ingressos

As entradas podem ser adquiridas no Teatro da Univates e no www.festivaldecinemadelajeado.com.br. O ingresso individual, por sessão, será de R$ 15 e, para a solenidade de premiação com show, no dia 1º, de R$ 20. Estudantes e idosos (mais de 65 anos) pagam metade.

O público também pode optar por adquirir o passaporte, compreendendo as três sessões de cada dia, incluindo sábado à noite, pelo valor de R$ 50. Para hoje, 30, e sábado, 1º, o passaporte custa R$ 25. Para amanhã, 31, data da mostra competitiva, o passaporte (três sessões) será de R$ 30.

O Sesc instalou um telão do lado de fora do teatro para exibição simultânea dos filmes.

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