Feira traz oportunidades de diversificar

Vale do Rio Pardo

Feira traz oportunidades de diversificar

Expoagro começa hoje. Evento debate formas de reduzir a dependência do tabaco

Feira traz oportunidades de diversificar
Estado

Para auxiliar os agricultores a apostar cada vez mais em outras atividades, inicia hoje a 17ª Expoagro Afubra, em Rio Pardo. É considerada a maior feira da agricultura familiar no país. A abertura ocorre às 9h, com a presença do governador José Ivo Sartori. A feira se estende até quinta-feira.

Segundo o presidente da Afubra, Benício Werner, o clima é de otimismo, amparado na projeção de uma safra recorde de grãos (milho e soja), na qualidade do tabaco colhido neste ciclo e na redução da taxa de juros nos bancos. “Esperamos um crescimento nas vendas e no público”, projeta.

Para Werner, a exposição é um local de conhecimento e informação. Os produtores têm à sua disposição o que existe de novo em termos de culturas, tecnologias e equipamentos. As palestras técnicas, as lavouras demonstrativas, exposição de máquinas, de animais, entre outros, abrem o leque de opções para a pequena e média propriedade diversificar as culturas.

De acordo com o dirigente, a lavoura do produtor é diversificada, no entanto, a renda obtida por hectare no cultivo de tabaco desbanca as demais alternativas como a criação de suínos, leite, aves, reflorestamento e produção de grãos. “O produtor sempre optará pela cultura que lhe traga mais renda. E, até o momento, o tabaco continua sendo essa atividade, em pequenas áreas de terra.”

Conforme Marco Antonio Dornelles, coordenador-geral e vice-presidente da Afubra, a feira pela primeira vez terá um tema central – “A floresta e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”. “Oferece oportunidades de diversificação econômica nas propriedades”, enfatiza. Para ele, essa tem sido uma necessidade tanto para agricultores como aos municípios para manter o equilíbrio financeiro.

Para Dornelles, a floresta nativa oferece renda aos produtores ao mesmo tempo em que cumpre a sua função ambiental de proteger nascentes, matas ciliares e abrigar diversas espécies animais e vegetais.

Na edição anterior, foram registrados 80 mil visitantes e o volume de negócios chegou a R$ 39 milhões. Foram mais de 400 expositores entre empresas, instituições de pesquisa, entidades ligadas à agricultura e pecuária, geração de energia, produtos veterinários, novas culturas, sementes, máquinas e implementos.

Mola propulsora

A cultura está presente em 574 dos 1.191 municípios da Região Sul. Abrange 144.320 famílias e cerca de 576 mil pessoas no meio rural. De acordo com dados da safra 2015/16, os 293 mil hectares plantados renderam 539 mil toneladas produzidas e R$ 5,2 bilhões aos produtores.

Para o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, a produção de tabaco é uma tradição de inquestionável importância financeira e social. O RS tem sete dos dez maiores produtores do país, com destaque para Venâncio Aires, terceiro maior do Brasil. Ao todo, 236 municípios gaúchos plantam tabaco e o RS responde por 52% da produção brasileira.

As propriedades dos fumicultores têm área média de 15 hectares. No entanto, apenas 17% é ocupado com a cultura. O restante é destinado à diversificação. O processo de beneficiamento envolve 40 mil pessoas. Cerca de 90% da produção é exportada para 90 países, colocando o Brasil na primeira posição do ranking mundial de exportação desde 1993. Bélgica, China e Estados Unidos estão entre os principais destinos do produto.

A cadeira produtiva envolve 154 mil produtores de fumo (615 mil pessoas) em todo país. Gera R$ 5 bilhões de receitas às famílias, além de R$ 12 bilhões de impostos ao governo.

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Lucro garantido

Assistência técnica, financeira, fornecimento de insumos, garantia de compra de toda produção e transporte estão entre as vantagens do sistema integrado citadas pelo produtor Ivanor José Ogliari, de Boqueirão do Leão.

Para este ciclo, projeta colher 350 arrobas. Foram cultivados 35 mil pés em 2,5 hectares. A estimativa é de vender cada arroba (15 quilos) por R$ 145. “Nenhuma outra cultura é tão rentável quanto o fumo em nossa região. Não precisamos de grandes áreas e com a mão de obra familiar é possível garantir um bom lucro anual”, destaca.

A diversificação tem como base a subsistência, proveniente do cultivo de frutas, feijão, milho, criação de aves, suínos e gado. Entre os motivos para não deixar de cultivar tabaco, estão a incerteza quanto ao rendimento financeiro e a garantia de mercado.

Segundo Ogliari, neste ciclo, a saca de milho caiu de R$ 40 para R$ 25. Enquanto isso, os custos aumentaram. No caso do fumo, projeta uma queda de R$ 19 na arroba, comparado com a safra anterior. “A perda será compensada pela produção maior”, calcula. Precisaria plantar oito hectares de milho para obter o mesmo rendimento de um hectare de fumo, finaliza.

Produção de tabaco no RS

236 – municípios

73 mil – produtores

292 mil – pessoas no meio rural

157 mil hectares

280 mil toneladas produzidas (52% da produção nacional)

R$ 2,56 bi de receita aos produtores

US$ 1,6 bi em exportações (2015)

Uso de agrotóxicos 1,1 quilo por habitante

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