Presidente da câmara em 2016, Heitor Luiz Hoppe deixará o Partido dos Trabalhadores (PT) até o próximo ano. A perda de credibilidade da sigla devido às suspeitas de corrupção é o motivo alegado.
Na avaliação de Hoppe, a imagem nacional do partido foi determinante para que ele não fosse eleito no ano passado. “O que tirou a minha eleição foi a imagem nacional do partido.” Hoppe recebeu 546 votos no pleito de 2016, 232 a menos do que em 2012, quando foi eleito vereador.
Afirma estar insatisfeito com os escândalos envolvendo dirigentes da sigla. “Não estou me sentindo confortável dentro do PT devido à Lava-jato e outros casos de corrupção.”
Hoppe considera a mudança fundamental para viabilizar a carreira política.
Propostas em análise
Sem citar nomes, Hoppe garante ter as portas abertas em diversas legendas, inclusive algumas contrárias ao PT. Ele considera natural a saída para uma sigla de um campo ideológico diferente. “Não tenho essa dificuldade, tenho convite de vários partidos e estou estudando.”
Poder influenciar nos rumos do partido é um dos pontos levado em consideração. “Não adianta ir para um partido e ficar alijado de qualquer decisão.”
No momento, Hoppe analisa a oferta de uma função em âmbito estadual para escolher o destino. “Não quero que pareça que estou apegado ao cargo, é o contrário, eles estão me acenando com uma participação em algum projeto.”
Caso recuse a oferta, Hoppe sairá na próxima janela eleitoral, prevista para 2018, evitando assim perder a suplência de vereador.
Saída em grupo
A crise vivida pelo PT pode gerar outras deserções nos próximos meses. Segundo o presidente municipal do partido, Ricardo Ewald, uma decisão nesse sentido pode ser tomada após o Congresso Nacional, marcado para junho.
“Depois do Congresso, vamos tomar uma decisão, e quiçá uma decisão em coletivo, ninguém vai sair de forma individual”, afirma Ewald. De acordo com o presidente, o grupo exige que o partido comece a punir integrantes envolvidos em corrupção. “Queremos que comece a fazer a faxina lá por cima, porque não tem ninguém do PT do RS envolvido nessas denúncias.”
Esse grupo já articula a campanha eleitoral de 2022. “Temos uma pessoa hoje que pode ser candidata a prefeito que tem uma grande aceitação. Essa pessoa que estamos cercando para tomar a decisão coletiva e lançar para disputar a prefeitura”, afirma Ewald.
Quanto às saídas individuais, Ewald considera um processo natural devido à imagem da legenda. Ele também culpa a falta de ideologia de alguns integrantes. “Algumas pessoas eram CCs na prefeitura e estavam lá por interesses particulares, não por ideologia.” Mesmo sabendo desse cenário, o presidente foi pego de surpresa ao saber da saída de Hoppe.