Morte expõe perigos na Vila dos Papeleiros

Lajeado

Morte expõe perigos na Vila dos Papeleiros

Homem foi atropelado pela 2º vez no mesmo lugar

Morte expõe perigos na Vila dos Papeleiros
Lajeado

O papeleiro Ricardo Ajardo morreu, no início da noite dessa sexta-feira, após ser atropelado por um veículo ainda não identificado. O crime de trânsito aconteceu no quilômetro 70 da ERS-130, na “Vila dos Papeleiros”, no bairro Montanha, próximo ao trevo de acesso à rodoviária. O motorista não prestou socorro e a Polícia Civil (PC) investiga o caso.

Ajardo, de 41 anos, morreu no local. O corpo foi arrastado por cerca de dez metros. No momento do choque, ele tentava cruzar a ERS. A vítima morava em uma pequena casa de madeira, improvisada em um terreno invadido às margens da pista, no sentido Lajeado-Venâncio Aires. Do outro lado da rodovia, mora o irmão, Paulo César Ajardo, de 44 anos.

“Eu moro aqui faz 13 anos. Também já fui atropelado por uma motocicleta, e hoje meus braços ainda sentem a dor. Agora, vou sair daqui. Já vendi minha casinha e vou morar com minha mãe, no bairro Santo Antônio”, revela o também papeleiro, que utiliza – junto com outros moradores – o terreno lindeiro para fazer a triagem e armazenamento do material reciclável recolhido nas ruas.

Paulo César usa detalhes para falar sobre o acidente fatal. Lamenta a falta de repercussão do caso, e cobra por justiça. A casa de madeira de Ajardo, com pouco mais de 15 metros quadrados, foi construída pelo irmão. “Acabei a obra faz poucos dias. Agora, minha mãe está lá recolhendo as poucas roupas que ele tinha. Eu fiquei na vida para cuidar dela”, se emociona.

De acordo com dados da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), quase 200 mil veículos cruzam pela praça de pedágio localizado a poucos quilômetros da Vila dos Papeleiros. No entanto, o Comando Rodoviário da Brigada Militar estima um tráfego ainda maior no quilômetro 70 da rodovia, por se tratar de um trecho urbano, utilizado por moradores de Lajeado para interligação entre os bairros.

Vítima escapou em 2014 e 2015

Paulo conta que o irmão morto já foi vítima de outros dois graves acidentes. Em um desses, em outubro de 2014, estava na carona de um Fusca que tentava ingressar na Vila dos Papeleiros, e que se chocou com uma caminhonete Hilux, que transitava em sentido oposto.

Naquela ocasião, os três ocupantes do Fusca foram encaminhados ao Hospital Bruno Born. Aldomiro dos Santos e Vanderlei Rogério Fleck Malmann só precisaram de atendimentos no Setor na emergência. Ajardo ficou internado alguns dias na UTI, em estado regular.

O outro acidente aconteceu em 24 de abril de 2015. Por volta das 20h30min, e de acordo com o Comando Rodoviário da Brigada Militar de Cruzeiro do Sul, uma motorista de 22 anos transitava em uma motoneta Biz no sentido Venâncio Aires-Lajeado e atingiu Ajardo também no quilômetro 70. Ambos sofreram ferimentos, e foram socorridos pelo Samu.

Paulo chora a morte do irmão. Ele ajudou a vítima a construir uma casa de madeira às margens da rodovia

Paulo chora a morte do irmão. Ele ajudou a vítima a construir uma casa de madeira às margens da rodovia

Intervenção na Vila

Os problemas gerados pelas quase 20 moradias improvisadas e pelo comércio desregulado que ocorre às margens da rodovia estadual persistem faz mais de dez anos. Morte, acidentes, tráfico de drogas, invasões, incêndios e brigas são algumas ocorrências registradas pela Brigada Militar e PC naquela região do bairro Montanha.

Outra dificuldade é o fechamento da rua João Sebastiany, que dava acesso ao bairro Montanha para motoristas que trafegavam pela rodovia estadual. O tráfego naquela via municipal, conforme o atual diretor do Departamento de Trânsito, Carlos Kayser, ocorreu sem autorização do poder público. “Vamos abrir um processo administrativo para verificar aquele local”, garante o agente.

As invasões de terrenos lindeiros também pode atrasar o projeto de duplicação da ERS-130. A proposta encaminhada para a EGR não prevê recursos para indenização no trecho de 70 quilômetros entre os municípios de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, e Muçum, já no Vale do Taquari.

Intervenção na Vila

Os problemas gerados pelas quase 20 moradias improvisadas e pelo comércio desregulado que ocorre às margens da rodovia estadual persistem faz mais de dez anos. Morte, acidentes, tráfico de drogas, invasões, incêndios e brigas são algumas ocorrências registradas pela Brigada Militar e PC naquela região do bairro Montanha.

Outra dificuldade é o fechamento da rua João Sebastiany, que dava acesso ao bairro Montanha para motoristas que trafegavam pela rodovia estadual. O tráfego naquela via municipal, conforme o atual diretor do Departamento de Trânsito, Carlos Kayser, ocorreu sem autorização do poder público. “Vamos abrir um processo administrativo para verificar aquele local”, garante o agente.

As invasões de terrenos lindeiros também pode atrasar o projeto de duplicação da ERS-130. A proposta encaminhada para a EGR não prevê recursos para indenização no trecho de 70 quilômetros entre os municípios de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, e Muçum, já no Vale do Taquari.

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