Agricultores inovam em medidas de segurança

Lajeado

Agricultores inovam em medidas de segurança

Distantes de rondas policiais, produtores rurais apostam em equipamentos tecnológicos para espantar ladrões. Instalação de câmera de monitoramento, outrora distante da realidade familiar, se torna medida frequente no interior

Agricultores inovam em medidas de segurança
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A criminalidade avança para as áreas rurais. Furtos e roubos são cada vez mais frequentes. O sentimento de medo e impotência faz parte da rotina dos agricultores quando se deparam com a perda de bens materiais.

“O pior é a sensação quando percebemos que o furto acontece”, declara Darci Immich, uma das últimas vítimas da ação dos ladrões em Alto Conventos. Por menores que sejam as perdas, muitos temem pela própria integridade física.

A precarização da segurança pública, intensificada pela crise nas finanças do Estado, afasta áreas como essa das rondas policiais. Devido à distância das delegacias, poucos casos são registrados pelos agricultores. Com disso, a maioria não integra as estatísticas.

Dessa forma, a população procura meios para se proteger. A demanda por equipamentos de vigilância como câmeras e alarmes tem crescido no interior de Lajeado e nos municípios vizinhos.

A estratégia adotada tem intenção de dificultar a ação dos criminosos e criar provas para barrar os atos por meio da Justiça.

O aposentado Darci Immich teve a motosserra furtada do galpão na semana passada. O crime ocorreu quando ele e a mulher saíram de casa. O prejuízo foi de R$ 1 mil.

A casa deles também foi arrombada faz três anos. Na ocasião, não havia ninguém. Os criminosos comeram pastéis que estavam na geladeira e levaram quase R$ 200 em moedas, guardadas em uma gaveta.

Para impedir novos furtos, investiram R$ 3,5 mil para instalar cinco câmeras de monitoramento. O sistema permite verificar, mesmo a distância, movimentos de pessoas estranhas no pátio.

Também é possível acompanhar as imagens no aparelho de televisão. Se durante a noite o casal perceber uma movimentação estranha, pode verificar o que está acontecendo nos arredores da casa e no galpão. Entre os projetos futuros, eles pretendem investir no cercamento da propriedade.

Na avaliação de Immich, os mecanismos dificultam a entrada dos ladrões. “Tudo isso não impede que entrem aqui. Pelo menos, se for mais difícil, vão evitar essa propriedade.”

Movimentos na área externa da casa são monitorados pela televisão

Movimentos na área externa da casa são monitorados pela televisão

Fora das estatísticas

As duas ações não foram registradas na Brigada Militar. “Não adianta nada. A primeira coisa que iriam pedir era a nota fiscal da motosserra, mas não tenho. Ela era do meu pai. De qualquer forma, quem fez isso continuaria solto.”

Na vizinhança, o problema se repete. Outras famílias e pequenos estabelecimentos estão aderindo ao sistema. Muitos instalam cercas e alarmes.

Immich conta que na propriedade da sogra e do cunhado a casa foi arrombada e joias foram levadas. “Foi o lugar que teve maior prejuízo.” De acordo com ele, todos conhecem os autores dos furtos, mas ninguém consegue provar. “Por isso não registramos ocorrência. É uma gurizada que furta esses itens para trocar por drogas.”

Sem patrulhamento

O baixo efetivo prejudica as rondas da Brigada Militar no interior e na cidade. Conforme a comandante interina do 22º Batalhão, Carine Pires Soares Brum, o atendimento de ocorrências tem ocupado boa parte da rotina das guarnições. “Não estamos conseguindo fazer rondas nem nos bairros mais próximos do centro.”

O órgão não tem dados específicos sobre ocorrências de furtos nas áreas rurais. Na avaliação de Carine, poucos casos chegam ao conhecimento da BM. Por outro lado, nas áreas urbanas, o registro ocorre com maior frequência. Ela acredita que a própria distância impede agricultores de registrar os casos.

A comandante recomenda a adoção de medidas que qualifiquem a segurança nas propriedades. “As câmeras de monitoramento, em especial, são fundamentais para a construção de provas e auxiliam a identificar os autores durante as investigações.”

Cercas e alarmes também são recomendados. Segundo ela, se a família tem condições de adotar formas de prevenção, deve investir.

No galpão, câmeras inibem furtos de ferramentas e implementos

No galpão, câmeras inibem furtos de ferramentas e implementos

Sistema de vigilância

Nesta semana, foram instalados seis sistemas de câmeras de monitoramento em Alto Conventos. Em Nova Santa Cruz, Forquetinha e em Santa Clara do Sul, a instalação é frequente.

O empresário Everton Draghetti trabalha no ramo faz 15 anos. Segundo ele, a demanda teve amplo crescimento nos últimos três a quatro anos. “A insegurança vivida nessas localidades tem feito os agricultores buscar o mecanismo para oferecer segurança ao patrimônio.”

O sistema filma em alta definição e consegue captar imagens do entorno da propriedade. Os dados ficam armazenados em um disco rígido com ampla capacidade de armazenamento. Após 30 a 40 dias, são apagados.

Eles podem ser copiados para outros dispositivos de armazenamento. “Quando ocorre o furto, é possível copiar as imagens em um pen-drive e levá-lo até a Brigada Militar durante o registro de ocorrência.”

Precaução

Faz um ano que Ildo Schmitt, 62, adotou o sistema. Ele teve a casa arrombada faz mais de dez anos. Na época, levaram seis caixas de cerveja, armazenadas na parte térrea da residência. O fato não foi registrado. “Depois disso, ninguém nunca mais entrou aqui. Instalei as câmeras ano passado por precaução.”

Na propriedade, colocou seis câmeras. Na época, investiu cerca de R$ 3,2 mil. Além disso, procura manter a casa sempre chaveada. Na porta do térreo, usa um sarrafo para reforçar a segurança. Segundo ele, na redondeza, os furtos ocorrem com mais frequência. “Se sabe quem é, mas adianta registrar?”, questiona. Conforme ele, por mais que os infratores sejam presos, não cumprirão a pena. “Eu não espero a justiça. Se entrarem na minha casa, eu passo chumbo mesmo.”

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