Com produção autossuficiente desde a safra de 2004/05 e com consumo anual de 25 quilos por habitante no Brasil, conforme dados do Mapa, o arroz é um dos cereais mais consumidos no planeta.
A estimativa é que sejam colhidos cerca de 14 milhões de toneladas de arroz na safra 2019/20 apenas no país, hoje o nono maior produtor mundial – e o primeiro se não forem considerados os países asiáticos.
Pensando na importância desse cereal para a alimentação e para a economia do país, é desenvolvido, pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Ppgbiotec) da Univates, o projeto de pesquisa que busca identificar variedades do cereal tolerantes ao frio nas fases inicias de desenvolvimento da planta.
Segundo o coordenador Raul Antonio Sperotto, na época de plantio, entre outubro e novembro, ainda são registradas noites frias, com temperatura por volta dos 15ºC. A pesquisa tenta analisar os impactos desse fenômeno na fase de germinação e vegetativa da planta. “A baixa temperatura reflete em um crescimento mais lento, menor produtividade e maior uso de insumos.”
A partir da análise de mais de cem variedades de arroz da subespécie, a pesquisa foi focada em duas semelhantes geneticamente ou com o mesmo background genético, na nomenclatura científica, e que apresentam níveis contrastantes na resposta ao frio.
“As raízes tolerantes ao frio são mais longas e espessas em relação à variedade sensível ao frio. O estudo da Univates é focado na subespécie já que quase a totalidade do consumo no país é dessa variedade. Conforme o estudo avançar, a ideia é que as variedades de arroz mais tolerantes ao frio possam gerar informações que, posteriormente, podem ser utilizadas para aumentar a produção, garantindo áreas com maior produtividade e rentabilidade.
Segundo o Mapa, no Brasil, o cultivo de arroz irrigado na Região Sul contribui, em média, com 60% da produção nacional, sendo o RS o maior produtor brasileiro. Neste ciclo foram semeados 1.076.650 hectares, cuja produção deve alcançar 7,5 milhões de toneladas no ciclo.
Aumento na produtividade
O produtor Torquato Lopes Jacques, de Cruzeiro do Sul, está entusiasmado com a pesquisa. Hoje, dos 150 hectares cultivados, cem são de ciclo curto, semeados apenas no fim de outubro. “Plantar a variedade de ciclo longo é um risco, porque ela não é adaptada às baixas temperaturas. Necessita de mais adubo e tratamentos. Aumenta o custo e a produtividade sempre é afetada em caso de geadas ou períodos de frio, comuns em agosto e setembro.”
Jacques destaca que se toda área pudesse ser cultivada em agosto a planta teria mais tempo para se desenvolver em todas as etapas produtivas. Para este ciclo, projeta um rendimento médio de 150 sacas por hectare. A saca de 60 quilos está cotada em R$ 39.