Mestrado eleva qualidade na produção

Lajeado

Mestrado eleva qualidade na produção

Formação aplica ciências biológicas e jurídicas, reduzindo custos e danos ambientais

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Mestrado eleva qualidade na produção
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A pós-graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis começa no dia 29 de abril. Ao longo do mestrado, inédito na região, propriedades rurais, agroindústrias e pequenos negócios do Vale servirão como estudo de caso para os mestrandos.

Os 15 primeiros formados atuarão no campo, com orientações profissionais sobre a redução de danos ambientais, custos financeiros, ampliação na produção e na qualidade dos produtos. As inscrições vão até o dia 11 de março e têm vagas limitadas.

Coordenador do projeto, o professor Noeli Juarez Ferla ressalta que este é o primeiro passo para que o sistema agroalimentar da região se transforme e seja um referencial para o estado. Os conhecimentos científicos e jurídicos aplicados durante as aulas abarcam passos importantes rumo à melhoria na qualidade e na transformação da matéria-prima.

Para Ferla, a carência de novas tecnologias na produção primária limita a lucratividade no campo. “É preciso trazer ao grupo esta discussão, pois há poucos produtos nobres e os consumidores buscam de outras fontes, a maioria delas importadas ou de outras regiões.” O viés biológico, com uso de controle de pragas naturais, visa contribuir na redução de danos ambientais e nos custos financeiros.

De acordo com o professor, a aplicação desses conhecimentos é um investimento que será sentido no bolso do produtor. Na transformação do leite, por exemplo, o empreendedor rural deixa de ganhar R$ 1 o litro do leite para receber um valor diferenciado, por ter transformado em um produto diferenciado e com maior valor agregado. “As pesquisas do grupo vão influenciar positivamente as propriedades do Vale do Taquari.”

Duas áreas distintas serão motrizes para o mestrado: conhecimentos legais – que regulam o sistema produtivo – e conhecimentos biológicos – que dão alternativas viáveis para evitar o uso de pesticidas.

Exemplos de área de atuação também são as empresas que necessitam de licenciamento ambiental para construir uma estação de tratamento. Com o uso de micro-organismos, é possível filtrar resíduos de forma limpa.

Segundo o coordenador do curso, em uma plantação de morangos, por exemplo, o controle biológico é muito mais sustentável e barato do que a aplicação de pesticidas importados. “Temos um ácaro capaz de combater o ácaro-praga sem danificar a planta, sendo inofensivo aos seres humanos”. Assim como os morangos, outros alimentos podem se tornar orgânicos.

De acordo com o professor Ferla, esse tipo de produção precisa enfrentar um desafio que é o de produzir em larga escala e incentivar os produtores “vizinhos” a fazer o mesmo.

Bacia leiteira

Para a professora Mônica Jachetti Maciel, que participará de uma pesquisa para avaliar a sustentabilidade ambiental nas propriedades, a qualidade do leite depende de condições como as características do solo, utilizado para as pastagens, e da água usada na dessedentação animal.

Na cadeia leiteira do Vale do Taquari – segunda maior do estado – produtores importam insumos para transformação dos produtos alimentícios. “Hoje, as indústrias utilizam fermentos importados para a produção de alimentos lácteos, sendo que esses micro-organismos podem ser encontrados na nossa própria região.” Podem ser utilizados com a finalidade de se diminuir os custos de importação, no processo industrial, e ainda no desenvolvimento de produtos com flavor típico da região”, afirma Mônica.

A aplicação de novas tecnologias e formas limpas de produção – como a reutilização e a transformação de resíduos em energia – são alguns dos objetivos. O bem-estar animal e o uso de biotecnologia na produção de alimentos elevam a qualidade na agricultura familiar.

“A tecnologia limpa e barata é galgada por meio do uso da bioenergia. O tratamento de resíduos com uso de micro-organismos, melhora a qualidade dos efluentes.”

Tutela jurídica e ambiental

De acordo com o coordenador do curso, é preciso suporte jurídico aos empreendedores, tanto na ordem da produção primária, da agricultura familiar, quanto na indústria de transformação e nos setores ambientais.

A pesquisa prepara as propriedades de empreendimentos para a legislação ambiental. O profissional será capaz de orientar sobre possíveis infrações, biossegurança alimentar e impacto regional sobre a responsabilidade jurídica das empresas.

A bolsista de iniciação científica na área da biologia, Isadora Esswein, 24, pretende ingressar na pós-graduação depois de formada. “É preciso despertar a consciência, pois é mais viável e saudável utilizar a biologia para produzir alimentos”. Para ela, a forma de produção diz respeito à cultura alimentar dos povos.

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